Agricultores ibéricos e eurodeputados dos dois lados da fronteira juntam-se no Altis Grand Hotel Lisboa nos dias 21 e 22 de Fevereiro no âmbito do 3.º Congresso Ibérico do Milho e poderão definir uma estratégia de acção conjunta em defesa desta actividade primordial para a sociedade.
Da reflexão destes dois dias poderão sair ideias para os dois países agirem em conjunto em defesa dos problemas que são comuns: preços justos, menos burocracia, medidas agroambientais mais realistas, melhor gestão dos recursos hídricos, entre outras, refere um comunicado de imprensa da Anpromis – Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo.
A água é um dos temas que une os produtores ibéricos e este recurso natural estará em análise no encontro. Jorge Neves, presidente da Anpromis, recorda que “sem água não há alimentos” e que os agricultores “utilizam a água de forma altamente eficiente através da tecnologia” e é preciso que a União Europeia tenha presente a dificuldade que os países mediterrâneos têm de fazer agricultura sem água.
José Luís Romeo, presidente da Agpme – Associação dos Produtores de Milho de Espanha, recorda que “Portugal e Espanha têm as mesmas dificuldades na produção de milho”, sublinhando que “quando há seca em Portugal também há em Espanha”.
Jorge Neves e José Luís Romeo sublinham que na Europa do Norte “a água nunca foi uma preocupação”, embora as alterações climáticas estejam a levar a escassez de água também a esses países que começam “a dar-lhe mais importância”.
Os desafios da cultura passam ainda pelo preço dos cereais que está em queda, embora os custos de produção continuem a aumentar, nomeadamente o preço das sementes, do gasóleo e fitofármacos. Alia-se ainda nesta equação a redução dos apoios pagos ao agricultor no âmbito da Política Agrícola Comum e os atrasos constantes nos pagamentos.
Jorge Neves e José Luís Romeo reforçam a importância das associações dos agricultores como entidades de defesa dos interesses dos agricultores, sendo o Congresso Ibérico do Milho sinónimo da relevância destas entidades. O evento vai juntar em dois dias mais de 680 empresários agrícolas, estudantes, académicos e políticos.
O evento conta também com a presença de Paulo Portas que vai falar sobre “Geopolítica e as tendências de evolução da agricultura europeia” porque a soberania alimentar da Europa é de extrema relevância e, no que respeita ao milho, a Europa está cada vez mais dependente da importação de países politicamente instáveis.
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