“O futuro do sector agrícola dos Açores exige a ruptura com o dogma liberal da desregulação dos mercados que tem caracterizado as políticas europeias e nacionais” refere o Manifesto Eleitoral da CDU – Coligação Democrática Unitária, liderada pelo comunista Marco Varela, para as eleições legislativas antecipadas na Região Autónoma dos Açores, de 4 de Fevereiro.
A coligação, entre o Partido Comunista Português (PCP) e o Partido Ecologista Os Verdes (PEV) salienta que “é necessário que sejam reconhecidos os condicionalismos específicos da nossa Região e que sejam criados mecanismos de protecção do rendimento dos agricultores, com uma mais equitativa distribuição do valor ao longo da cadeia de produção/distribuição”.
Isto “limitando o poder das grandes centrais de compra e distribuição, valorizando devidamente a qualidade e a especificidade dos produtos açorianos, garantindo a sustentabilidade da nossa agricultura e a riqueza que gera para os Açores”.
Acrescenta o Manifesto Eleitoral da CDU Açores que “pesem embora as enormes dificuldades que este sector continua a atravessar e o crescimento relativo de outros sectores, a actividade agrícola e pecuária continua a assumir um peso estratégico na economia regional, não apenas pela dimensão da riqueza gerada ou do emprego que directamente cria, mas também pelas actividades com ela relacionadas, a montante e a jusante, como o comércio, o transporte, os serviços e a indústria transformadora”.
E salienta que “as dificuldades do sector têm crescido de forma significativa, em especial em resultado das opções políticas resultantes do processo de integração capitalista na União Europeia, sempre com a conivência activa do PS, PSD e CDS, a nível nacional e regional”.
No caso da indústria de lacticínios, “como a CDU alertou múltiplas vezes, o fim das quotas leiteiras veio precipitar uma brutal quebra do preço pago aos produtores, pondo em causa o futuro de todo o sector e a subsistência de milhares de agricultores”, pode ler-se no Manifesto Eleitoral da CDU Açores, que realça que “a total liberalização do mercado, e a recusa reiterada de criação de mecanismos de protecção dos preços pagos aos agricultores, permitem também que as condições de comercialização do leite e da carne açoriana sejam particularmente desfavoráveis para a produção”.
“As grandes centrais de compras e distribuição impõem preços e termos que prejudicam ainda mais o depauperado rendimento dos produtores”. “Os agricultores têm ainda de fazer face aos custos cada vez mais elevados dos factores de produção, a par de uma carga fiscal e contribuições obrigatórias injustas e esmagadoras”, frisa o documento
Para a CDU, os “Açores vivem a situação paradoxal de ao aumento da produção não corresponderem melhorias no rendimento dos agricultores. O aumento da notoriedade dos produtos açorianos no mercado nacional e internacional não trouxe benefícios para os produtores. Pelo contrário, aumentam as suas queixas e dificuldades, espelhadas nas crónicas dificuldades financeiras das cooperativas agrícolas, mas também na redução do número de explorações e de agricultores”.
Pode ler o Manifesto Eleitoral da CDU Açores aqui.
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