A ANP|WWF — Associação Natureza Portugal considera que as eleições legislativas marcadas para Março de 2024 e as eleições de Junho para o Parlamento Europeu irão “demonstrar como e se os partidos irão, a partir de 2024, proteger as pessoas e restaurar a Natureza”.
Um alerta dado no dia em que aqueles ambientalistas lançam o seu tradicional “Balanço e Tendências Ambientais” anual, onde analisa as “vitórias e derrotas ambientais” do ano que está a terminar, tanto em Portugal como a nível global, fazendo ainda uma antevisão das principais tendências para 2024.
“2023 adivinhava-se como sendo um ano decisivo para solidificar o Pacto Ecológico Europeu e as políticas nacionais de ambiente que iriam colocar a humanidade no caminho para a sustentabilidade planetária. No entanto, a queda do Governo, as guerras e as crises políticas sentidas por todo o mundo estão a desviar-nos cada vez mais deste curso, com irreparáveis danos para pessoas, biodiversidade e natureza”, afirma a directora executiva da ANP|WWF, Ângela Morgado.
Já a directora de políticas e conservação daquela ONG, Catarina Grilo, diz que “a criação de um instrumento de política agrícola que também fosse um instrumento de política ambiental, e não a principal causa da destruição da biodiversidade, deveria ter aberto caminho a uma Lei para Sistemas Alimentares Sustentáveis, como propunha a lei europeia para o Restauro da Natureza. No entanto, as pressões de grupos conservadores deixaram esta proposta de Lei enfraquecida, e a Lei que agora será votada é uma oportunidade perdida para travarmos com urgência a perda de habitats e diversidade”.
Preocupação com as alterações climáticas
Segundo o último Eurobarómetro, 77% dos europeus mostram-se muito preocupados com os efeitos das alterações climáticas, o seu impacto na humanidade e consequente perda de biodiversidade. 35% dos cidadãos europeus afirmam estar dispostos a mudar comportamentos em prol de uma natureza mais saudável, reconhecendo que cabe aos Governos (56%) e às empresas (53%) assumirem também esta responsabilidade, realça uma nota de imprensa da ANP|WWF.
Para a ONG de ambiente, os momentos eleitorais de 2024 constituem uma “oportunidade para iniciar um ciclo novo de esperança para a natureza e para a biodiversidade”, mas também para os cidadãos.
Ângela Morgado reforça que “durante o ano devem ser tomadas, sem hesitações, um conjunto de decisões que possam garantir uma natureza positiva para todos, como uma moratória à mineração em mar profundo em águas nacionais, a obrigatoriedade de remoção de barreiras fluviais obsoletas, mais e melhor investimento na conservação da natureza para cumprir adequadamente a meta de protecção de 30% em terra e no mar, processos de decisão bem substanciados e processos participativos previsíveis e transparentes”.
O documento completo de Balanço de 2023 e Tendências para 2024 pode ser consultado aqui.
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