Foi no dia 26 de outubro que a Portugal Nuts reuniu em Borba cerca de 200 participantes naquele que foi o seu II Balanço de Campanha. Com a co-organização do Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos (CNCFS) e do Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN) e com a preciosa contribuição de inúmeros parceiros, sem os quais não poderia ter sido possível levar a cabo este interessante evento de um só dia. Neste estabeleceu-se um intenso programa de vistas e debate, com espaço para contatos entre produtores, indústria e empresas produtos e serviços que apoiam o setor. Mobilizaram-se muitos agentes desta fileira, com predominância para os produtores e processadores do Centro e Sul do país, zonas de onde provêm atualmente os associados da Portugal Nuts.
Mas a representatividade das outras zonas do país ficou assegurada com a presença de especialistas de outras zonas produtivas do país que, para além da amêndoa, têm experiência na produção, comércio e consumo de nozes, castanhas e avelãs.
A manhã incluiu visitas a duas explorações de amendoeiras de características distintas: variedades ibéricas e variedades americanas.
A tarde foi de mesas-redondas com temas que incidiram no Balanço da Campanha, a Fitossanidade e os Mercados, com as quais se intervalaram apresentações de especialistas sobre uma das principais doenças que ameaçam os amendoais, sobre as principais pragas e ainda sobre a fertilização destes pomares.
Inevitavelmente, se há um assunto que marcou as conversas, foi a atual situação de preços no produtor (amêndoa e noz), com valores muito mais baixos que em campanhas anteriores e que dificilmente pagam as contas de cultura. Deseja-se que seja um momento de inflexão e que, no médio prazo, os preços se situem em bandas de variação mais favoráveis do que as atuais.
Mas, como é de esperar, os fatores climatéricos não “quiseram” ficar fora da discussão. Para agravar a situação dos preços, estão as recentes e persistentes chuvas e temporais que apanharam de surpresa os produtores de noz (de ciclo mais tardio que a generalidade da amêndoa no país) e que têm prejudicado ou impossibilitado as operações de colheita e mesmo a falta de horas de frio (devido a invernos mais amenos), tão necessário para a indução floral e a produção de frutos.
Os mercados
E os mercados? Quais serão as necessidades e tendências dos consumidores destes frutos no futuro? Como se vive com a influência inquestionável neste mercado, dos Estados Unidos e de outros grandes produtores? Sem respostas concretas a estas perguntas, mas com uma grande determinação em fazer as coisas bem, em colaboração e com o conhecimento e as tecnologias adequadas, vão ter de se mitigar muitos dos atuais e futuros problemas da produção. Este empenho sentiu-se na sala, entre todos os presentes.
São as dores de crescimento dos novos produtores, com pomares modernos, que se impacientam face às dificuldades do momento e que contrastam com a aparente complacência dos produtores tradicionais que, sofrendo dos mesmos problemas, parecem ter ganho uma certa “imunidade” às dificuldades que o passar do tempo os foi obrigando a tolerar.
Começa agora uma nova campanha. Como vão ser as condições meteorológicas, qual a disponibilidade de água para rega, como vamos conseguir gerir as pragas e as doenças da cultura, como vai evoluir o preço, como vai evoluir o consumo e o comércio internacional?
Estas são muitas das questões estão já a ser antecipadas pelos produtores para os próximos meses, uma vez que quando termina um ciclo, começa-se logo a pensar no outro.
Fez-se o balanço, mas não se vai abrandar!
Agricultura e Mar