O número de incêndios em Portugal e na Europa mediterrânica tem vindo a diminuir nos últimos 20 anos, mas a área ardida não reflecte esse decréscimo, revelando que, apesar de haver menos ignições, ardeu mais área devido a grandes incêndios — ou mega-incêndios; todos os incêndios com área ardida superior a 10.000ha. Dados recentes posicionam mesmo Portugal como o 4º país que teve mais fogos e hectares de floresta ardida no ano de 2021.
Esta é a principal conclusão da factsheet “Como inverter o ciclo dos mega-incêndios em Portugal?” lançada hoje, 13 de Julho, pela ONG de conservação da natureza ANP|WWF, com o objectivo de apresentar estratégias e mecanismos que permitam regenerar a paisagem portuguesa após o fogo, onde a organização apresenta mecanismos para a promoção da resiliência, sustentabilidade e coesão do território.
Segundo Vasco da Silva, Coordenador de Florestas e Vida Selvagem da ANP|WWF, “o despovoamento das zonas rurais, a conversão do uso do solo agrícola, a intensificação da produção florestal e o abandono da gestão da vegetação, ligados ao aumento de eventos meteorológicos extremos, nomeadamente períodos mais prolongados de tempo quente e seco, leva a um aumento dos incêndios na sua magnitude e extensão da área ardida. Ao promovermos uma paisagem em mosaico com usos agro-silvo-pastoris, mais resistente aos grandes incêndios, evitamos a perda de áreas de alto valor ecológico e cultural, prioritárias para a conservação da natureza, mas também diminuímos o risco de perda de bens e vidas humanas”.
Adaptação da floresta às alterações climáticas
“A chave é a adaptação da floresta às alterações climáticas através do planeamento e gestão, aproveitando a regeneração natural das espécies autóctones em mosaico com áreas agroflorestais. Também o ordenamento dos territórios rurais será importante para aumentar a rentabilidade e potenciar as actividades económicas de pequenas propriedades, havendo cooperação entre proprietários, para atingir economias de escala. Uma Certificação da Gestão Sustentável como mecanismo de valorização dos espaços florestais irá contribuir para a inversão deste ciclo de “mega-incêndios””, refere um comunicado de imprensa daquela ONG.
Por outro lado, acrescenta, “é ainda crucial haver uma consciencialização das populações rurais para a importância de medidas preventivas na gestão de combustível, bem como na prevenção de comportamentos de risco e medidas de auto-protecção”.
Estas e outras recomendações podem ser encontradas na factsheet, disponível aqui.
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