O resultado do referendo de ontem, 23 de Junho, na Grã-Bretanha, um histórico aliado de Portugal, “constitui uma má notícia para o nosso País e um sério aviso para a Europa”, diz a AEP – Associação Empresarial de Portugal.
“Ao confrontar a União Europeia e todos os outros 27 Estados-membros com a necessidade de repensar o projecto europeu, requer que o processo que se irá seguir seja pautado pela serenidade e aproveitado para aprofundar e aperfeiçoar o funcionamento do Mercado Único”, diz a associação em comunicado.
Para a AEP, a decisão do povo britânico “tem fortes implicações políticas, económicas e empresariais. Mesmo admitindo que os participantes no referendo possam ter acrescentado alguma coisa à sua vivência democrática, representa um revés para esta União Europeia”.
A associação presidida por Paulo Nunes de Almeida, diz que importa ter em conta que “está em causa aquele que, no ano passado, foi o quarto maior mercado das exportações portuguesas de bens, com uma quota da ordem dos 7% do total, e o nosso sexto fornecedor, responsável por cerca de 3% das nossas importações. Mas, estes indicadores são ainda mais expressivos se considerarmos a balança de bens e serviços. Então, o peso das nossas exportações para a Grã-Bretanha sobe para 9,5% e o das importações cresce para 4,8%”.
Para além destas facetas do problema, há ainda a considerar o “caso específico do turismo e do IDE britânico no nosso País. É caso para dizer que o Reino Unido pode ter deixado a Europa, mas Portugal jamais poderá perder o seu mais antigo aliado”, adianta o mesmo comunicado.
Também é tempo de oportunidades
Mas, segundo a AEP, para Portugal, para os profissionais e para as empresas portuguesas “este é, também, um tempo de oportunidades. Os laços que nos unem ao Reino Unido têm muitos mais anos e História do que os do projecto europeu. Há que reinventar esses laços, dando um novo conteúdo às relações institucionais, económicas e culturais existentes entre os dois países”.
A associação explica que hoje, “já não trocamos apenas têxteis por vinhos com os nossos velhos aliados britânicos. Há muito que Portugal é um país global. E hoje temos massa cinzenta, excelentes profissionais, tecnologia, bons produtos e marcas reputadas em todo o mundo”.
“Como instituição com 167 anos de existência e um dos mais activos agentes na promoção das empresas, produtos e marcas portuguesas no estrangeiro, a AEP – Associação Empresarial de Portugal não deixará de dar o seu contributo para essa nova arquitectura do relacionamento económico luso-britânico”, finaliza o comunicado.
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