Pode ter sido “um bocadinho precipitado encerrar as centrais a carvão”. A frase é de João Duque, professor do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa (ISEG). Mas muitas mais críticas ao fecho daquelas centrais se contam pelos diversos órgãos de comunicação social.
É o caso da afirmação de Mário Guedes, engenheiro e antigo director-geral de Energia e Geologia, que garante que “a análise dos dados torna perceptível o motivo pelo qual o nível de água nas barragens está abaixo do normal: foi preciso produzir mais electricidade hídrica por causa do fecho das centrais a carvão“.
É perante tais declarações que o Ministério do Ambiente e da Acção Climática emitiu um comunicado de esclarecimento de esclarecimento.
“Face à circulação de dados incorretos sobre a alegada relação entre o fecho das centrais a carvão, o baixo nível de armazenamento nas albufeiras das barragens e a importação de electricidade de Espanha”, o Ministério do Ambiente e da Acção Climática esclarece que “não tem correspondência à realidade a ideia de que Portugal importa electricidade de Espanha porque encerrou as centrais a carvão. Na verdade, não existe uma relação de causa e efeito entre os dois factos”.
E realça que “basta recordar que, estando Sines e o Pego a funcionar, o País era importador líquido de electricidade. Para a determinação do sentido do saldo importador ou exportador tem maior relevância o ano hidrológico seco ou húmido”.
Importação de electricidade de Espanha
Por outro lado, acrescenta o mesmo comunicado que “pertencendo Portugal e Espanha ao mercado ibérico de electricidade (MIBEL), a substituição de importação de electricidade de território espanhol pela via do carvão não implica, necessariamente, poupanças para os consumidores de electricidade”.
“De facto, importa avaliar a diferença entre a importação de carvão para a produção em território nacional (o que acontecia quando as centrais do Pego e de Sines funcionavam) e o pagamento de licenças de dióxido de carbono face à importação de um mix de produção em que o carvão assume pouco relevo, sendo o preço do MIBEL, nos últimos meses, maioritariamente influenciado pelo gás natural”.
Refere ainda o comunicado do Ministério do Ambiente e da Acção Climática que “importar carvão para produzir em Portugal é importar energia. O único modo sustentável de diminuir quer as importações, quer os custos de electricidade, é pela via da aceleração na entrada em funcionamento de toda a potência renovável possível e não através da manutenção de centrais termoeléctricas a carvão”.
E frisa que “no último ano, o acréscimo de produção a partir de fonte solar foi superior à da central do Pego. No primeiro semestre deste ano, haverá produção de mais 600 MW de energia solar, o que corresponde, grosso modo, à produção da referida central”.
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