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Jardim da Lagoa. Stéphane Kerdilès: com a Estratégia do Prado ao Prato “vai ser difícil evitar que as empresas europeias comprem vegetais onde as restrições são menos exigentes”

Stéphane Kerdilès

“A grande transição ecológica na qual se comprometeu a Europa com a estratégia do Prado ao Prato é sem duvida muito ambiciosa. Uma redução de 25% da utilização dos pesticidas até 2030, entre outros compromissos, vai obrigar o agricultor a aprender a trabalhar de forma diferente sem perder o objectivo da rentabilidade”. Mas, “vai ser difícil evitar que as empresas europeias venham a procurar produtos noutras zonas do Mundo, onde as restrições são menos exigentes”.

Quem o diz é Stéphane Kerdilès, responsável pela Jardim da Lagoa, do grupo francês Picvert, especializada em produção de baby leaves e mini legumes.

Em entrevista ao agriculturaemar.com (ver aqui), Stéphane Kerdilès diz que a empresa está pronta para manter os seus investimentos previstos, no valor de 250 mil euros, e que pretende aumentar a capacidade de produção com aquisição de terra suplementar. Mas queixa-se: “estamos confrontados a condicionante que, apesar de haver milhares de hectares não utilizados, para não dizer abandonados aqui na zona, principalmente propriedade do Estado, este não manifesta grande interesse em nos ajudar a nos desenvolvermos”.

A Jardim da Lagoa faz agricultura biológica?

Praticamos uma agricultura baseada nos princípios da produção integrada. Cientes e conscientes que a agricultura europeia está numa fase de profundas mudanças, trabalhamos diariamente na inovação das técnicas das culturas de forma, por exemplo, a conseguir produzir com cada vez menos pesticidas, o objectivo de zero resíduos de pesticidas nos nossos produtos, sendo um dos eixos de trabalho. Também uma parte da produção da Picvert é biológica.

Que pensa da Estratégia do Prado ao Prato, que pretende diminuir a utilização de pesticidas em 25% até 2030? Conseguimos manter os níveis de produção de alimentos com muito menos fitossanitários?

A grande transição ecológica na qual se comprometeu a Europa com a estratégia do Prado ao Prato é sem duvida muito ambiciosa. Uma redução de 25% da utilização dos pesticidas até 2030, entre outros compromissos, vai obrigar o agricultor a aprender a trabalhar de forma diferente sem perder o objectivo da rentabilidade, e as novas gerações que são os agricultores de amanhã, já estão muito sensibilizados para estas temáticas e têm felizmente muito para nos ensinar. Mas é de salientar que o nosso sector já trabalha nesse sentido há mais de uma década, desenvolvendo alternativas ao “químico”. Assim, por exemplo, a Picvert e o Jardim da Lagoa estão certificados “Demain la Terre” (que poderíamos traduzir por “… amanha o Planeta”…) desde 2017. Esta certificação, a qual aderimos de livre vontade, permite-nos de trabalhar e evoluir para uma agricultura cada vez mais respeitosa para com os Homens e a Terra.

Mas, vai ser difícil evitar que as empresas europeias venham a procurar produtos noutras zonas do Mundo, onde as restrições são menos exigentes, e eu penso que o desafio desta estratégia do Prado ao Prato deverá ser que não seja só o agricultor a ser o actor principal desta transição, mas sim, o conjunto produtor, distribuidor e consumidor que sejam os actores, para garantir ao consumidor um produto de qualidade e saudável a preços competitivos, reduzindo os efeitos nefastos para o planeta e permitindo que os volumes produzidos se mantêm e de forma rentável para o agricultor.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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