A Pinhais comemora no dia 23 de Outubro 100 anos, período durante o qual pouco mudou. Para muitos sectores de actividade esta característica poderia ser um handicap, mas, para uma marca de nicho, é uma qualidade diferenciadora.
Ao longo do último século, a empresa manteve o processo artesanal em 100% da sua produção, sendo actualmente a única fábrica de conservas em Portugal a privilegiar este método de fabrico; a receita secreta e a tradição. Com mais de 100 colaboradores, a maioria dos quais com dezenas de anos de casa, a Pinhais mantém ainda a grande parte dos fornecedores e clientes há mais de 80 anos.
Símbolo incontornável da indústria conserveira nacional, a Pinhais celebra o seu centenário num ano de crescimento do seu volume de negócios. A empresa estima facturar este ano 4,35 milhões de euros, que resulta num crescimento de 30% face a 2019.
Cem anos de desafios
A história da Pinhais é uma história de empenho e enorme resiliência. Cem anos é muito tempo, e a empresa resistiu e prosperou enfrentando calamidades como a Segunda Guerra Mundial e o colapso de grande parte da indústria conserveira portuguesa.
O método tradicional de produção das conservas de sardinha mantém-se intacto desde 1920
Quando, durante a Segunda Guerra Mundial, António Pinhal Júnior, filho do fundador se viu perante a pressão de se endividar para investir numa produção intensiva e, assim, responder ao elevado número de encomendas, manteve a aposta na produção tradicional. O mesmo aconteceu quando recusou mudar de fornecedor de azeite depois de ser aliciado a optar por matérias-primas de menor qualidade, mas a preços mais acessíveis. O então gerente optou por não mudar nada no processo de produção o que foi essencial para a sobrevivência da empresa.
A Pinhais é uma das duas conserveiras que resistem na freguesia de Matosinhos, onde a indústria conserveira foi em tempos imagem de marca da cidade.
Produção artesanal
Nos últimos 100 anos, a Pinhais sobreviveu às diversas crises, inclusive a que mais a afectou e que conduziu, em 2016, à sua venda à Glatz, empresa austríaca, que era, na altura o principal cliente da conserveira e que, como única condição, exigiu que o processo produtivo se mantivesse artesanal.
“A produção artesanal tem um papel central na identidade e qualidade das nossas conservas. Trabalhamos com a melhor sardinha e seguimos o mesmo ritual de preparação do pescado há décadas, assumindo o compromisso de manter viva esta arte que também é símbolo de Portugal”, refere António Pinhal que representa a terceira geração da conserveira, fundada em 1920, pelo seu avô.
Agricultura e Mar Actual