A Syngenta organizou, a 2 de Março, as Jornadas Tomate Indústria, na Casa Cadaval, em Muge, onde apresentou uma gama reforçada para protecção da cultura do tomate. Uma das novidades é o Eforia, insecticida para controlo da lagarta e da mosca branca.
Esta última praga é um problema muito actual, que na campanha passada contribuiu para desvalorizar a qualidade do tomate e que este ano continua a estar presente nos campos do Ribatejo.
A um mês do início do arranque da campanha do tomate indústria, a Syngenta reuniu cerca de 60 agricultores e técnicos de todos os sectores intervenientes na fileira do tomate para apresentar a sua gama destinada à protecção da cultura e discutir temas de actualidade, nomeadamente o Regime de Certificação Ambiental, no âmbito das práticas agrícolas benéficas para o clima e o ambiente, que se aplica às culturas do tomate indústria e milho.
Eforia, um insecticida foliar
A novidade que suscitou maior interesse foi o Eforia, um insecticida foliar com acção de contacto e ingestão, que combina na mesma formulação duas substâncias activas conhecidas dos agricultores: a lambda-cialotrina e o tiametoxame.
“O Eforia junta num só produto duas substâncias activas que já usávamos no controlo das principais pragas da cultura do tomate, o que permite poupar na quantidade de insecticida aplicado porque conseguiremos controlar simultaneamente um maior espectro de pragas”, reconhece Pedro Pinho, produtor de tomate e técnico que presta assistência a cerca de 200 hectares desta cultura no Ribatejo.
O Eforia vem dar resposta ao controlo da mosca branca, uma praga que está a gerar graves problemas aos produtores de tomate, uma vez que este insecto afecta o normal desenvolvimento do ciclo da planta, com reflexos negativos na qualidade dos frutos, nomeadamente ao nível da desvalorização da cor da polpa, novo critério introduzido, este ano, pelas indústrias transformadoras para determinação do preço final pago à produção por cada tonelada de tomate, diz fonte da Syngenta.
“Os ataques de mosca branca interrompem o processo químico através do qual a planta sintetiza os açúcares necessários à maturação e à coloração dos frutos. É preciso intervir com insecticidas desde o início ao fim do ciclo de produção no controlo da população de mosca branca”, explica Marco Gaga Nunes, produtor de 210 hectares de tomate em Valada do Ribatejo, preocupado com a situação. “O Inverno ameno está a ser propício ao aparecimento de novas gerações da mosca e ao aumento da sua população. Pela falta de frio, o ciclo de desenvolvimento da praga não foi quebrado e há moscas em todos os campos, nas infestantes”, acrescenta.
“A mosca branca e a Tuta absoluta são as pragas que mais me preocupam, porque são difíceis de controlar. O ano está propício a forte pressão de pragas e precisamos de fazer um controlo apertado e eficaz. Os técnicos da Syngenta focaram pormenores muito relevantes nas Jornadas, nomeadamente sobre a oportunidade de aplicação dos produtos e a forma correcta de preparação das caldas”, afirma Pedro Pinho, considerando que a exposição foi “simples, prática, objectiva e oportuna”.
Por seu turno, Fernanda Lopes, da Sociedade de Agricultura de Grupo Casal das Bordarias, produtora de 74 hectares de tomate, em Castanheira do Ribatejo, considera que “o Eforia chegou no momento certo porque estávamos um pouco descalços em soluções insecticidas e a mosca branca é um problema grave”.
Outra das soluções apresentadas pela Syngenta para o controlo dos afídeos e da mosca branca foi o Actara, já conhecido dos agricultores. Ao nível dos fungicidas, o destaque foi para o Ortiva Top, fungicida de largo espectro de acção para o controlo das principais doenças do tomate, homologado para controlo do oídio alternária e cladosporiose.
Sugal e CAP presentes
A indústria esteve representada nas Jornadas por técnicos dos departamentos agrícolas. Fernando Costa, responsável de aprovisionamento da Sugal, a maior indústria de concentrado de tomate em Portugal, considera que o Eforia “é uma nova solução para o problema da mosca branca, que esperemos não venha a ter a mesma dimensão do que em 2015”, acrescentando que “as Jornadas foram muito interessantes pela oportunidade de contactar com os principais técnicos do sector e pela relevância dos temas abordados”.
Questionado sobre o novo critério da cor da polpa introduzido este ano pela indústria como um dos determinantes do preço, o técnico da Sugal explica porquê: “o concentrado português é mundialmente conhecido pela sua excelente cor, mas nos últimos anos temos vindo a perder pontos neste aspecto, devido a factores climáticos, aos ataques intensos da mosca branca e à má condução da cultura em algumas parcelas. É preciso cuidar o melhor possível da cultura e adoptar as práticas adequadas para garantir uma boa coloração, brix e nível adequado de matéria seca”.
A um nível mais político, Ana Barroso, técnica da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal, fez uma exposição sobre o Regime de Certificação Ambiental, aprovado em Fevereiro passado, e que permite aos agricultores adoptar práticas agrícolas benéficas para o clima e o ambiente, em substituição de algumas exigências do Greening. Este regime destina-se às culturas do milho e do tomate indústria, e prevê instalação de coberto vegetal no Inverno nos terrenos onde estas culturas são instaladas na Primavera. Os produtores de tomate consideram, no entanto, que a medida terá pouca aplicação neste sector, porque 50% das terras destinadas a tomate são arrendadas à campanha, durante 6 meses, excluindo os meses de Inverno.
A Syngenta é uma das empresas líderes no seu ramo de actividade. O grupo emprega mais de 27.000 pessoas em mais de 90 países.
Agricultura e Mar Actual