O território do Barroso, que se estende pelos concelhos de Boticas e Montalegre, foi designado o primeiro sítio Globally Important Agricultural Heritage Systems (GIAHS), ou seja, Sistema Importante do Património Agrícola Mundial, em Portugal.
Trata-se de uma iniciativa da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) para a promoção e preservação do património agrícola.
Assim, este sábado, 26 de Janeiro, durante a 28.ª Edição da Feira do Fumeiro de Montalegre, vai ser assinado o acordo de parceria entre as várias entidades, desde autarquias, universidades, Ministério do Agricultura e Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), e criada a plataforma GIAHS do Barroso que visa a implementação de um plano de acção centrado na filosofia de intervenção da FAO.
A cerimónia vai ser presidida pelo ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos. O acordo será assinado, pelas 10h30, na “Praça de Petiscos” da Feira do Fumeiro.
Objectivos
Os objectivos deste acordo passam pela execução, implementação e gestão do Plano de Acção do Sistema Agro-Silvo-Pastoril de Barroso/Sítio GIAHS da FAO no Barroso, Municípios de Boticas e Montalegre, e pela definição das contribuições, atribuições, relações, direitos e deveres dos parceiros, com vista à implementação de todo o Plano de Acção do Sítio GIAHS Barroso.
Por outro lado, pretende estabelecer a orgânica de funcionamento de todo o processo GIAHS Barroso, que assentará nas seguintes estruturas: Plataforma GIAHS do Barroso, Comissão de Acompanhamento e Monitorização, e Comissão Executiva.
Sistema Agro-Silvo-Pastoril de Barroso
Segundo o presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves, “neste plano de acção estão consagradas as acções que devem ser desenvolvidas no território, as quais vão ser escrutinadas anualmente pela FAO, e que serão determinantes para que o território consiga segurar este importantíssimo selo”.
Neste pressuposto, o plano de acção do Sistema Agro-Silvo-Pastoril de Barroso/Sítio GIAHS Barroso envolve as comunidades e visa a preservação das práticas ancestrais de trabalho agrícola e pecuário que resultaram neste “selo distintivo”.
“Esta classificação é a consagração da excelência do nosso território”, salientou Orlando Alves.
para o autarca, é dizer que o Barroso é uma região agrícola dominada pela produção pecuária e pelas culturas típicas das regiões montanhosas, onde se mantêm as formas tradicionais de trabalhar a terra ou tratar os animais.
O comunitarismo é ainda um dos valores e costumes característico daquela região, intimamente associado às práticas rurais de vida colectiva e à necessidade de adaptação ao meio ambiente.
Processo iniciado em 2016
O processo de candidatura à classificação do Barroso foi iniciado em 2016 pela Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega (ADRAT), tendo sido, depois, formalizada junto da FAO pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural.
A candidatura envolveu ainda a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAP Norte), a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e a Universidade do Minho (UM).
Sistemas agrícolas vivos
Os sítios GIAHS são sistemas agrícolas vivos, envolvendo as comunidades humanas numa relação de interacção com o território onde se inserem, com a paisagem cultural e agrícola, bem como com o ambiente biofísico e social.
O objectivo geral do programa GIAHS da FAO é identificar sistemas agrícolas mundiais de grande especificidade, promovendo e implementando processos de salvaguarda das suas paisagens, da biodiversidade agrícola e dos sistemas de conhecimento, estabelecendo um programa a longo prazo para apoiar a preservação da riqueza destes sistemas e melhorar os benefícios a uma escala global, nacional e local, por via da conservação das dinâmicas, gestão sustentável e viabilidade reforçada.
Recorde-se que na sessão solene realizada em Roma, na sede da FAO, no dia 19 de Abril de 2018, foi reconhecido o Sistema Agro-Silvo-Pastoril de Barroso – GIAHS do Barroso -, na sequência de uma candidatura alicerçada no território, que abrange a área dos Concelhos de Boticas e Montalegre, e que envolve estes dois municípios, o Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural de Portugal, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte, a Comunidade Inter-municipal do Alto Tâmega, a Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega, a Universidade do Minho, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, o Instituto Politécnico de Bragança, o Ecomuseu do Barroso, o ICNF e representante do setor agrícola.
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