A Fenareg – Federação Nacional de Regantes de Portugal reuniu ontem, 13 de Março, com o Ministro da Agricultura, Capoulas Santos, a quem apresentou propostas para redução do preço da água nos perímetros de rega ligados ao Alqueva, reclamou contratos de electricidade sazonais para o regadio e apoios para introduzir energias renováveis nas explorações agrícolas de regadio.
Segundo um comunicado da Federação de regantes, as chuvas dos últimos dias contribuíram para repor parcialmente os volumes de água nos principais perímetros hidroagrícolas, no entanto, a Bacia do Sado continua com níveis de armazenamento abaixo de 32% e apesar do reforço de volumes de Alqueva (Roxo e Odivelas).
“Também nos perímetros de rega do Norte do País, há a assinalar os níveis de algumas barragens, cujo armazenamento útil ainda não responde às necessidades da campanha de rega, como em Alfândega da Fé (19%), Veiga de Chaves (20%) e Vale Madeiro (14%)”, realçam aqueles agricultores.
Prioridades do sector
Na reunião ontem com Capoulas Santos, a Fenareg apresentou as prioridades do sector e o conjunto de medidas de actuação para o regadio nacional, ao nível da água, da energia e do investimento.
Para responder à situação da bacia hidrográfica do Sado, que desde 2016 se mantém em nível 3 de seca hidrológica, dependendo a 100% da compra de água ao Alqueva, “é necessário ajustar o tarifário”, garantem os agricultores.
Segundo a Fenareg, os preços actuais da água, “com agravamento de 50% a 70% a pagar pelos agricultores, inviabilizam a maioria das culturas anuais (arroz, milho, entre outras) nas bacias ligadas ao Alqueva”.
Diferenciar o preço da água
A Federação entregou ao ministro da Agricultura uma proposta que prevê, em caso de seca, diferenciar o preço da água por nível de armazenamento necessário para repor os níveis das albufeiras. O preço médio da água, em alta, reduziria de 3 cêntimos/m3 para 1,6 cêntimos /m3 .
“Esta medida representa um apoio estimado de 2,5 milhões de euros, que o Governo pode alocar indo buscar a verba ao fundo ambiental, disponível para fazer face a esta situação e que já apoiou situações de carência hídrica noutros pontos do País”, dizem aqueles responsáveis.
Menos custos com electricidade
Para reduzir o custo da factura de electricidade no regadio, a Fenareg requereu a possibilidade de contratar duas potências eléctricas diferentes ao longo de 12 meses e um programa para substituição das fontes de energia convencionais por renováveis nas explorações de regadio.
Estas medidas têm sido reclamadas pela Fenareg para compensar “o grave problema que se criou desde 2012, com o desaparecimento dos apoios à electricidade verde, fundamentais num sector de actividade sazonal como é o da agricultura de regadio, que exige uma potência alta em época estival, mas não durante o resto do ano”.
“Espanha já avançou com contratos de electricidade sazonais para o regadio, tal como em França, sendo importante o Governo Português criar a mesma possibilidade de contrato, num país onde os preços de electricidade são os mais altos da Europa e mais de metade da factura são impostos e taxas”, acrescenta o mesmo comunicado.
Modernização do regadio
Ao nível do investimento, a Fenareg defende continuar a modernização do regadio, que significou um grande avanço para a sustentabilidade do sector agrícola.
O Programa Nacional de Regadios, anunciado pelo Governo a 3 de Março, será mais um progresso na adaptação às alterações climáticas, refere a Federação. E adianta que como aposta na competitividade da agricultura, também a PAC pós 2020 deve assegurar a continuidade dos investimentos em regadio para melhor resiliência aos períodos de seca.
Agricultura e Mar Actual