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Quercus enumera os 10 principais problemas dos oceanos

A Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza alerta que estima-se que 8 milhões de toneladas de lixo por dia chegam aos oceanos por acção do Homem e que 80% da poluição marinha tem origem em terra, com consequências desastrosas na biodiversidade marinha.

Ontem, 16 de Novembro, no Dia Nacional do Mar, a Quercus destacou os 10 principais problemas que estão a afectar os Oceanos e que a Agricultura e Mar Actual aqui transcreve:

1 – Sobre-exploração da pesca

Estudos indicam que há uma considerável redução nas populações de algumas espécies de peixes. Como exemplo, a sobrepesca do bacalhau nas águas do Canadá quase levou à extinção deste peixe e a pesca da sardinha em Portugal que tem recomendações de organismo científico internacional para que termine totalmente já este ano. Para além da sobrepesca, também existe uma grave falta de gestão da actividade ou incumprimento de regras. Falta de definição das dimensões dos animais ou da época de captura o que permita a captura de juvenis ou fêmeas com ovos são alguns dos problemas recorrentes.

2 – Captura excessiva de espécies com ciclos de vida longos, tais como alguns tubarões e atuns

Algumas destas espécies são utilizadas para culinária de luxo ou com fins de terapias alternativas para tratamentos de saúde (exemplo, a barbatana de alguns tubarões é muito apreciada na Ásia). As espécies no topo das cadeias alimentares têm, normalmente um ciclo de vida mais longo, com reprodução mais espaçada, logo menos resistente à recuperação das espécies.

3 – Aquacultura não sustentável

A aquicultura intensiva no mar promove a proliferação de agentes poluentes nas águas marinhas. A produção de peixes e bivalves implica a utilização de antibióticos e outros produtos químicos, alguns deles tóxicos para o ecossistema. Esta situação é facilmente visível nas águas da Ásia devido à produção intensiva de amêijoa vietnamita.

4 – Lixo

A quantidade de lixos deixados nas praias ou atirados para as linhas de águas terrestres, tais como rios e ribeiras, têm como destino final o oceano. A situação é mais grave quando se tratam de resíduos não biodegradáveis, tais como os plásticos, que se vão fragmentando em partículas mais pequenas, os microplásticos, e que são confundidos com alimento por muitas espécies marinhas.

Os microplásticos presentes em produtos de higiene e de limpezas domésticas e industriais também terão os mesmos destinos. As ilhas de lixo de plástico são já uma realidade em algumas zonas dos oceanos.

5 – Aquecimento das águas

O aumento da temperatura dos mares causa imensas alterações nos ecossistemas marinhos, com consequências gravosas e letais para muitas espécies. É também responsável por alteração de rotas migratórias provocando desequilíbrios nas cadeias alimentares. Para se ter uma noção, o aquecimento de 0,5ºC nas águas dos recifes de coral, provoca a sua morte. Os recifes de coral saudáveis funcionam como “maternidades” e zonas de abrigo para variadíssimas espécies usadas na alimentação humana e das quais dependem algumas comunidades de povos pescadores.

6 – Poluição

Muitos fertilizantes e pesticidas utilizados sistematicamente na agricultura acabam por ir parar ao oceano. Alguns desses produtos provocam alterações irreversíveis e fatais para as espécies (por exemplo, afectam no processo de reprodução). Além disso, se ingeridos pelo ser humano podem trazer problemas de saúde ao mesmo.

7 – Concentrações elevadas de mercúrio

O mercúrio em excesso causa doenças graves nos seres vivos e no Homem. É um poluente que se acumula na cadeia alimentar (bioacumulação) e chega ao Homem através da ingestão de peixes, e que em excesso pode causar graves doenças. Daí o consumo de determinados peixes dever ser regrado, como o peixe-espada preto, o atum, entre outros.

8 – Destruição de habitats

Existem habitats muito importantes como local de abrigo para a reprodução, por exemplo as pradarias marinhas e as florestas marinhas, que estão a ser destruídas por várias causas, entre as quais a utilização de artes de pescas agressivas como a pesca de arrasto.

9 – Obras de engenharia e extracção de petróleo

Todas as alterações do meio marinho provocadas por construções, perfurações em profundidade, e tantas outras (incluindo a poluição sonora) causam, alterações no habitat, provocam perturbações várias e produzem poluentes. Estes factores contribuem para a destruição do habitat e comprometem a sobrevivência das espécies marinhas.

10 –  Acidificação dos Oceanos e corais

Algumas das mudanças verificadas com as alterações climáticas ao nível dos oceanos implicam alterações do Ph, devido ao aumento da concentração de CO2 na atmosfera. Esta situação é bem notória nas zonas tropicais, onde os ecossistemas marinhos são extremamente sensíveis e ricos em biodiversidade, e cujos habitats estão a sofrer alterações que se podem revelar irreversíveis, nomeadamente do caso dos recifes de corais.

Por todos estes motivos a Quercus “pede aos responsáveis políticos que acelerem e tornem mais ambiciosos os planos para a criação de Áreas Protegidas Marinhas e que invistam fortemente na redução das fontes de poluentes marinhos”.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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