As pequenas mutações e aparentemente insignificantes nas moscas da fruta podem realmente ter pistas sobre como a espécie evoluirá nos próximos 40 milhões de anos. Este é o foco de um novo estudo de professor de ciência biológica da Universidade da Florida, David Houle, que criou 200 gerações de moscas da fruta, a Drosophila, para examinar como elas mudam tanto no curto como no longo prazo. A pesquisa foi publicada na revista Nature.
“O principal ponto é que a mutação que está a acontecer agora afecta a evolução a longo prazo”, diz David Houle. “Como isso acontece não é claro. Alguns cientistas acreditam que o fornecimento de mutação é o que guia a evolução. Outros sugeriram que os mesmos processos que moldam a evolução a longo prazo também moldam a mutação”, acrescenta aquele cientista que estudou as asas das Drosophilas nos últimos anos.
David Houle começou por investigar se havia partes da mosca da fruta que não se podiam mutar ou evoluir e com que rapidez outras partes o faziam. “Queríamos ver como os efeitos que a mutação produz estão relacionados com evolução”, diz o cientista frisando que “ficamos surpreendidos com a existência de um relacionamento muito apertado”.
A mosca da fruta é considerada uma espécie ideal pelos cientistas para investigar problemas não resolvidos em evolução e genética, isto porque é fácil criar mais de 20 gerações a cada ano. As suas asas são também fáceis de medir, pelo que, deste modo, os cientistas podem identificar facilmente pequenas mudanças.
Dos fósseis ao futuro
Examinando evidências fósseis e seguindo o sequenciamento do DNA, Houle e os seus colegas de investigação conseguiram saber como tinham sido as moscas da fruta nos últimos 40 milhões de anos e chegaram à conclusão de que o padrão de mutação poderia permanecer constante durante esse período de tempo.
Para medir a taxa de mutação e evolução, Houle e o co-autor do estudo Kim van der Linde, da Animal Genetics Inc., reuniram quase 120 espécies diferentes de moscas, apanhando-as na natureza ou obtendo-as de outras equipas de cientistas. Kim van der Linde estudou como essas moscas estavam relacionadas umas com as outras.
Houle criou 200 gerações de moscas da frutas, durante quatro anos, e de seguida observou se tinham existido mudanças nas suas asas. No total, os investigadores mediram mais de 50.000 asas de mosca no decorrer do estudo e encontraram mudanças na forma geral da asa, tais como na relação de largura com o comprimento e locais de veia.
Com modelos estatísticos sofisticados, os investigadores descobriram os padrões de mutação. E Houle revela que esses modelos são provavelmente aplicáveis à forma como plantas e outras espécies de animais evoluíram e que podem também prever a sua evolução nos próximos 40 milhões.
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