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Parasitas nemátodos abandonam reprodução sexual e alastram duplicando genoma

Os nemátodos, parasitas que causam grandes perdas nas culturas agrícolas, estão a deixar de se reproduzir sexualmente. Começaram a duplicar o seu genoma para se adaptarem a novos ambientes, revela um estudo científico liderado por Etienne G. J. Danchin, do Instituto Nacional de Pesquisa Agrícola (INRA), da Universidade de Côte d’Azur, francesa. Os resultados foram publicados no passado dia 8 de Junho na revista PloS Genetics.

O trabalho daqueles investigadores mostra que a história evolutiva dos nemátodos e as características estruturais do seu genoma podem “explicar parte do sucesso descomunal destes parasitas”.

Responsáveis por perdas agrícolas estimadas em mais de 100 mil milhões de dólares em todo o Mundo, os nematoides são a principal praga das culturas. Entre os mais devastadores está o nemátodo dos galhos do género Meloidogyne. Tem a capacidade de se reproduzir de várias formas, sexual ou não. E “contra todas as probabilidades, as espécies mais comuns e mais devastadoras são aquelas que se reproduzem apenas assexuadamente, aparentemente ignorando os benefícios da mistura genética que fornece a reprodução sexual”, refere o estudo.

Durante anos, este paradoxo entre o sucesso daqueles parasitas e a abstinência sexual foi um “grande mistério” para os pesquisadores do INRA. Agora, usando as técnicas “mais recentes da genética e da genómica”, exploraram os genomas de três nemátodos dos galhos que se reproduzem de forma estritamente assexuada e compararam-os com um congénere que se reproduz de forma sexual.

Diferenças significativas nos genomas

Os cientistas verificaram diferenças significativas nos genomas dos dois tipos de parasitas. Os genomas dos que se reproduzem de forma assexuada, Meloidogyne incognita, M. javanica e M. arenaria, são três a cinco vezes maiores que o nemátodo, M. hapla, com 185 e 300 Mégabases (Mb) contra 50 a 60 Mb.

“Numa mesma célula, estes genomas estão presentes em várias cópias (três a quatro), com uma divergência muito grande. No mesmo indivíduo, a divergência entre as cópias é de cerca de 8% superior à que se revela habitualmente entre genomas de espécies diferentes”. A análise da história evolutiva destas cópias de genomas mostra que eles provêm de eventos de hibridação. Ao contrário da elevada divergência do genoma nuclear, dentro de uma mesma espécie, o genoma mitocondrial destes nemátodos diverge muito pouco entre espécies diferentes. Isto sugere que estes híbridos partilham um ancestral materno recente”, adiantam aqueles investigadores.

Pode ver o artigo completo aqui.

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