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Draeculacephala minerva (feminino), vector da doença (Xylella fastidiosa) na vinha. Foto: J. Clark - University of California, Berkeley (EUA)

Xylella fastidiosa. O que é e como se dispersa. DGAV faz sessão informativa em Marvão a 3 de Dezembro

A DGAV — Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária vai realizar uma Sessão Informativa sobre “O que é Xylella fastidiosa e como se dispersa” no dia 3 de Dezembro, na Junta de Freguesia de São Salvador da Aramenha, com o apoio do ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e o Município de Marvão. A participação é gratuita e de entrada livre.

Xylella fastidiosa foi detectada pela primeira vez no território nacional a 3 de Janeiro de 2019 em Vila Nova de Gaia, em plantas ornamentais, como a lavanda. Em causa uma bactéria que pode estar associada a muitas espécies/géneros de plantas, entre eles, a amendoeira, a cerejeira, a ameixeira, a oliveira, o sobreiro, a figueira, bem como plantas ornamentais e da flora espontânea.

Programa

14h30 – Sessão de abertura
15h00 – Apresentação “O que é Xylella fastidiosa e como se
dispersa” – Orador Clara Serra (DGAV)
16hh00 – Esclarecimentos

O que é?

O género Xylella, criado por Wells et al. (1987) é composto por uma única espécie, a Xylella fastidiosa. A espécie inclui várias estirpes, e caracteriza-se por um crescimento lento em meios de cultura. As colónias crescem em meios artificiais, a 26-28°C, a pH entre 6, 5-6, 9, podem ser lisas ou rugosas, opalescentes e circulares. É uma bactéria vascular que vive no xilema das plantas, sendo transmitida por insectos.

De acordo com trabalhos de sorologia e tipagem genética, as suas estirpes foram divididas em cinco subespécies: Xylella fastidiosa subsp. piercei (que inclui estirpes de videira), Xylella fastidiosa subsp. sandyi (loendro), Xylella fastidiosa subsp. multiplex (vários hospedeiros) e Xylella fastidiosa subsp. pauca (que inclui ameixeira, cafeeiro e citrinos) e a Xylella fastidiosa subsp. tashke, que foi identificada na Chitalpa (Chitalpa tashkentensis) uma árvore ornamental.

Origem e distribuição geográfica

Os trabalhos com doenças causadas pela bactéria Xylella fastidiosa, incluída na Organização Europeia e Mediterrânica para a Protecção das Plantas (EPPO), Lista A1, tiveram o seu início nos Estados Unidos, devido à presença da doença conhecida como “Doença de Pierce” na videira.

Por muitos anos, Xylella fastidiosa permaneceu confinada à América. Em 1994, foi observada na Ásia, em Taiwan, causando queimaduras foliares na pêra asiática (P. pyrifolia).Na década de 2000, foi relatado também o aparecimento da doença de Pierce nas vinhas de Taiwan.

A identificação, em 2013, em Apuglia (Itália meridional) representa a primeira detecção confirmada na Europa.

As vias de introdução da na Ásia ou Europa são desconhecidas, segundo um dos boletins técnicos do INIAV, o laboratório de Estado do Ministério da Agricultura e do Mar (MAM), que desenvolve actividades de investigação nas áreas agronómica e veterinária.

Hospedeiros

A bactéria tem uma extensa lista de hospedeiros com 132 espécies confirmadas, de 46 famílias diferentes.

Para Portugal, o INIAV decidiu que as espécies a prospectar são aquelas que têm um maior impacto económico, e que têm alguma relação com Itália: videira (Vinis vinífera L.), oliveira (Olea europaea L.), amendoeira (Prunus amygdalus), laranjeira (Citrus sinensis (L.) Osbeck), loendro (Nerium oleander L.) e carvalhos (Quercus sp. L.).

As plantas infestantes tais como gramíneas, ciperáceas e árvores podem ser hospedeiros da Xylella fastidiosa, muitas vezes sem mostrar sintomas.

Sintomas

Em videira (doença de Pierce) os sintomas são a murchidão das folhas, com distribuição irregular e dieback, “ilhas” verdes de tecido saudável e separação da folha do pecíolo.

Em oliveira (Olive Quick Decline Syndrome), aparecem queimaduras foliares e um declínio rápido de oliveiras envelhecidas, com morte progressiva da zona apical para a raiz.

Os sintomas da doença Clorose Variegada dos Citrinos (CVC), passam pelo aparecimento de manchas cloróticas amareladas de bordos irregulares, semelhantes às que aparecem devido à deficiência de zinco.

A superfície inferior mostra-se ligeiramente levantada e acastanhada com manchas necróticas em folhas adultas em ramos isolados, começando pela parte mediana da copa e expandindo-se por toda a planta.

No início, pode-se observar poucos ramos com frutos pequenos. Em estado avançado da doença, toda a planta produz frutos ananicados.

Os sintomas da doença Oleander Leaf Scorch, OLS em loendros, são o amarelecimento das folhas, que é seguido pela característica queimadura e necrose da zona apical das folhas.

Em amendoeiras a doença provocada por Xylella fastidiosa é chamada de Almond Leaf Scorch disease (ALS). A doença provoca padrões irregulares de necrose da folha causando queimaduras foliares que conduzem a uma clara diminuição da produtividade, uma mortalidade progressiva a partir dos ramos apicais e, finalmente, morte de árvores afectadas com ALS.

A sintomatologia da doença em Quercus sp. (Bacterial leaf scorch disease – BLS.), é a queimadura foliar, irregular nos carvalhos, bem evidente no final do Verão e Outono, com descoloração apical pronunciada com um halo vermelho ou amarelo entre tecidos queimados e verdes, e as nervuras sobressaem em amarelo nas zonas aparentemente sãs.

No pessegueiro a doença é denominada por Phony Peach Disease (PPD) e apresenta sintomas morfológicos externos característicos, como ramos com entrenós mais curtos, comprimento dos pecíolos e da área foliar também menores e, num estágio mais avançado da infecção, ocorre senescência das folhas mais maduras, ficando o ramo desprovido de folhas ou com pequeno número de folhas reduzidas no seu ápice.

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