A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) lançou a versão em português da aplicação FITCount (do acrónimo inglês Flower-Insect Timed Count), uma ferramenta inovadora que possibilita aos cidadãos monitorizar de forma simples as interacções planta-polinizador.
Desenvolvida inicialmente no âmbito do Plano de Monitorização de Polinizadores do Reino Unido (UK PoMS), a aplicação FITCount é agora disponibilizada em língua portuguesa como parte integrante do projecto PolinizAÇÃO – Plano de Acção para a Conservação e Sustentabilidade dos Polinizadores, coordenado por Sílvia Castro e João Loureiro, ambos docentes e investigadores no Centro de Ecologia Funcional (CFE) do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da FCTUC.
Os dados relativos aos polinizadores selvagens em Portugal são escassos e é crucial obter um maior volume de dados para monitorizar a abundância e diversidade destes insectos por todo o país, assim como os serviços de polinização que estes organismos prestam às plantas. A aplicação FITCount surge como uma ferramenta para ajudar a preencher esta lacuna de conhecimento, envolvendo os cidadãos no processo, refere uma nota de imprensa da Universidade de Coimbra.
Esta aplicação permite que qualquer cidadão interessado, quer em meio rural ou urbano, contribua para a recolha de dados sobre o número e diversidade de insectos polinizadores que visitam as flores.
“Os participantes podem seleccionar uma planta em flor, delimitar uma área de 50×50 cm que inclua a respectiva flor-alvo e contar todos os polinizadores que interagem com flores dessa planta durante 10 minutos”, explica Sílvia Castro, acrescentando que as contagens podem ser realizadas ao longo de todo o ano, em qualquer momento do dia, desde que as condições meteorológicas estejam quentes e secas.
“Não é necessário que os participantes identifiquem os insectos até ao nível da espécie, basta apenas categorizá-los em grupos amplos, como abelhas, moscas-das-flores, borboletas, vespas, escaravelhos, entre outros grupos de insectos, utilizando o guia de identificação totalmente adaptado para Portugal pela nossa equipa, disponível na aplicação”, detalha João Loureiro.
Além disso, complementa o investigador, “são solicitadas informações adicionais, como o tipo de habitat, o número e tipo de flor-alvo, as condições meteorológicas e a quantidade de flores no quadrado escolhido. Estas informações são cruciais para auxiliar os cientistas a interpretar os dados recolhidos pelos participantes”, acredita.
A ciência cidadã é um conceito em ascensão, e a FITCount proporciona uma oportunidade única para envolver os cidadãos no processo científico. “Ter dados recolhidos por Portugal inteiro, durante todo o ano, é algo extremamente valioso e que nós, cientistas, sozinhos, não teríamos a capacidade de recolher em tempo útil. A ajuda dos cidadãos é crucial”, concluem os investigadores.
A aplicação FITCount já está disponível para descarregamento gratuito na Google Play Store para dispositivos Android e na App Store para dispositivos iOS (iPhone/iPad). Mais informações sobre como participar e utilizar a aplicação, aqui.
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