A Comissão Europeia (CE) apresentou, na passada quarta-feira, dia 20, a sua nova estratégia para a defesa e preservação da biodiversidade. Uma proposta que contempla a adopção da estratégia “Farm to Fork”, do Prado ao Prato, com vista a criar um sistema de produção e consumo sustentável, a par de uma promoção e salvaguarda da biodiversidade do planeta.
Numa altura em que a UE apresenta como medidas a adoptar a redução em 50% do uso de produtos fitofarmacêuticos até 2030, António Lopes Dias, director executivo da Anipla — Associação Nacional da Indústria para a Protecção das Plantas, afirma que “é necessário optimizar ferramentas, incentivar e apoiar os agricultores, apostar na formação e no desenvolvimento de alternativas que protegem e promovem a biodiversidade, contudo, a Anipla defende que a inovação tem de ser uma parte essencial da solução (veja-se os exemplos de soluções de biopesticidas e tecnologias de precisão) e considera que preservar não pode nem deve ser sinónimo de eliminar aquilo que nos ajuda a defender e salvar culturas. Não podemos comprometer a segurança alimentar e a viabilidade da agricultura europeia, impondo metas irrealistas aos nossos produtores”, acrescenta.
Face às medidas apresentadas pela UE, a Anipla “apela publicamente a todos os organismos políticos com capacidade de decisão sobre estas matérias para que intervenham no sentido de repensar medidas que podem ser altamente prejudiciais para múltiplos sectores e, no limite, para toda a população Europeia, estabelecendo metas construtivas e realistas, que equilibrem tensões e permitam alcançar as metas climáticas garantindo a segurança alimentar da Europa”.
Mitigação das mudanças climáticas
Para António Lopes Dias, “a mitigação das mudanças climáticas é uma questão-chave que todos devemos abordar colectivamente pelo que como representantes de uma indústria que apoia os agricultores e a produção de alimentos, também os membros da Anipla estão comprometidos em desempenhar um papel relevante e em linha com a promoção da biodiversidade e em simultâneo com uma produção agrícola sustentável nas suas três vertentes, ambiental, social e económica”.
A direcção da Associação entende ainda que as abordagens políticas devem “ser ambiciosas, coerentes e facilitadoras. Devem garantir a atenuação das alterações climáticas e a melhoria da biodiversidade, garantindo simultaneamente a viabilidade da agricultura europeia e um fornecimento resiliente de alimentos seguros e sustentáveis para todos. Esses não são objectivos mutuamente exclusivos e podem ser alcançados com uma abordagem equilibrada e baseada na ciência”.
Por outro lado, António Lopes Dias diz que “num primeiro momento é urgente que a população esteja consciente de que os procedimentos de autorização e controlo para uso de produtos fitofarmacêuicos da UE são dos mais rigorosos do Mundo, garantindo a protecção do aplicador e ambiente assim como o fornecimento de produtos alimentares da mais alta qualidade e segurança para todos”.
“Cientes da importância de construir um diálogo aberto, que envolva os diferentes agentes”, a indústria mostra-se disponível em dialogar com os agricultores e a sociedade em geral, no sentido de “desenvolver, formar e promover práticas de redução de risco do uso de pesticidas, desde que baseadas na ciência, com o apoio da investigação, suportada pela tecnologia e evolução digital”.
Sustentabilidade na agricultura
Em comunicado, a Associação Nacional da Indústria para a Protecção das Plantas explica que o consumo crescente da população mundial e dos consumidores faz parte das preocupações do sector, por isso, “a questão centra-se, uma vez mais, na forma como olhamos para a aplicação de produtos fitofarmacêuticos. Quando falamos de agricultura, qualquer que seja o modo de produção, incluindo o biológico, o importante é que as metas aplicadas sejam exequíveis e tomem em consideração uma análise de risco/benefício e as suas consequências. O estímulo à sustentabilidade na agricultura deve concentrar-se no desempenho das produções e não no tipo de produção”, conclui.
Estudo sobre impacto na redução de substâncias activas
Em 2016 a Anipla realizou um estudo junto de 27 organizações de produtores de culturas mais representativas a nível nacional para aferir que impacto económico estas antecipavam caso fossem retiradas do mercado cerca de 130 substâncias activas presentes nos produtos fitofarmacêuticos disponíveis na Europa e as “conclusões não deixaram margem para dúvidas”:
• Quase 50% do rendimento agrícola da fileira do vinho em risco;
• Mais de 50% de impacto na fileira do azeite;
• Mais de 80% de impacto na fileira do tomate;
• Falta impacto da fileira da pêra rocha e milho (fileiras importantes a referir)
• 76% de impacto na fileira da pêra;
• 60% de impacto na fileira do milho
• Problemas fitossanitários sem controlo eficaz.
Agricultura e Mar Actual