Os eurodeputados da Comissão de Agricultura adoptaram, no passado dia 23 de Janeiro, o relatório de iniciativa de Norbert Erdös (PEE, Hungria) defendendo mais apoios financeiros aos programas nacionais no sector da apicultura, medidas para melhorar a saúde das abelhas, incluindo a proibição de pesticidas nocivos, investimento em investigação e na protecção de espécies apícolas locais e regionais.
A Comissão propõe uma medida urgente para aumentar em 50% o apoio a apicultores e a protecção das colónias de abelhas na União Europeia.
A importância das abelhas
De salientar que a polonização é responsável pelo sucesso produtivo de 84% das plantas e de 76% dos alimentos na Europa, num valor económico estimado em 14,2 mil milhões de euros.
No entanto, nos últimos anos os apicultores têm alertado para a diminuição do número de abelhas e perdas de colónias. Entre as possíveis razões para o declínio encontram-se a agricultura intensiva e uso de pesticidas, má nutrição, vírus, alterações climáticas, perdas de habitat e ataques de espécies invasoras como a vespa asiática, o besouro das colmeias e a loque americana.
A população de abelhas na Europa está a diminuir e já caiu para metade em alguns países europeus, alerta o Comité de Agricultura do Parlamento Europeu, que aprovou um documento com diversas medidas para reverter este cenário e que irá ser apresentado ao Parlamento Europeu na sessão plenária de 28 de Fevereiro.
Apoios a crescerem 50%
Vai assim ser proposto um aumento de 50% nos apoios a apicultores e protecção das colónias de abelhas da União Europeia. Também se propõe a proibição de pesticidas nocivos e mais investimentos para desenvolver alternativas saudáveis. Outra linha prende-se com o desenvolvimento de um plano de acção para combater a mortalidade das abelhas e ainda medidas para suspender as importações de mel falsificado.
Mercado europeu
Existem cerca de 600.000 apicultores e 17 milhões de colmeias na UE, que produzem cerca de 250.000 toneladas de mel por ano, tornando a UE no segundo maior produtor de mel após a China. Na Directiva relativa ao mel de 2001, a UE define o mel como “uma substância açucarada natural” e apresenta os critérios da sua composição, baseando-se em elevados padrões de qualidade.
No entanto, a UE importa 25% do mel que consome, sobretudo da China.
Mel adulterado
Dizem os eurodeputados que o mel é o terceiro produto mais contrafeito do Mundo. Por isso querem combater a disseminação de mel adulterado no mercado da UE (incluindo produtos com xarope de açúcar adicionado ou de mel colhido precocemente e seco artificialmente) que intensifica a pressão sobre os apicultores europeus, leva a quebras de preços e suscita algumas questões sobre a protecção aos consumidores.
De acordo com testes realizados pela UE, 20 % das amostras recolhidas nas fronteiras externas da UE e nas instalações dos importadores não respeitavam os padrões europeus.
No relatório, os eurodeputados pedem melhorias nos procedimentos de teste, a intensificação das inspecções e sanções mais pesadas para os infractores.
Os deputados pedem ainda melhorias na rotulagem para assegurar que os consumidores conhecem o país de origem do produto e a promoção do consumo de mel e dos seus benefícios.
A União Europeia importa cerca de 200 mil toneladas de mel por ano, ou seja, 40% do que consome. Em 2015, o mel importado era, em média, 2,3 vezes mais barato do que o mel produzido na UE.
Porém, os testes realizados pelo Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia mostraram que 20% das amostras colhidas nas fronteiras externas da UE ou nas instalações dos importadores não respeitavam os padrões da EU, refere o Comité. Os maiores exportadores de mel para a UE são a China, Ucrânia, Argentina e o México.
Pode consultar mais informações sobre o sector apícola na União Europeia aqui.
Agricultura e Mar Actual