O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) vai apoiar a transformação da floresta com 615 milhões de euros, ou seja “financiar a transformação da área ardida para que não volte a arder” e acabar com “manchas contínuas de resinosas, de eucaliptos e pinheiros (…) uma ameaça permanente, pelo risco de incêndio florestal”, criando faixas de interrupção de combustíveis e apostar na valorização da biomassa que possa ser transformada “em tecido, em calçado ou em resina”.
Estas são algumas das ideias lançadas hoje, 19 de Julho, pelo primeiro-ministro António Costa, na Pampilhosa da Serra, na apresentação da componente Florestas do Plano de Recuperação e Resiliência e assinatura dos contratos-programa das primeiras Áreas Integradas de Gestão da Paisagem, informando que, dos 615 milhões de euros que o PRR dedica à floresta, “menos de 10% estão afectos a meios de combate aos incêndios”.
“O programa de áreas integradas de gestão da paisagem ilustra bem que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) não visa somente recuperar o que tínhamos, mas visa transformar o País para que ele seja melhor do que era antes”, afirmou António Costa.
O primeiro-ministro sublinhou que “não vamos financiar a recuperação da área ardida, vamos financiar a transformação da área ardida para que não volte a arder”,
António Costa afirmou ainda que o País “não pode conformar-se com o círculo vicioso de incêndios”, pelo que tem de olhar para o PRR e dizer “não queremos fazer mais do mesmo, vamos fazer diferente, para termos um País diferente”.
Transformar a paisagem
“Trata-se de não termos manchas contínuas de resinosas, de eucaliptos e pinheiros, que são importantes, mas cuja concentração impede a floresta de ser uma riqueza para todos, sendo uma ameaça permanente, pelo risco de incêndio florestal”, disse o líder do Executivo.
Para isso, “temos de criar uma nova paisagem, que interrompa as áreas de pinheiro e eucalipto, e permita introduzir outras culturas que gerem mais valor para os seus proprietários, para o território e, simultaneamente, tornem o território mais seguro”, segundo as possibilidades que os territórios oferecem para as culturas.
O primeiro-ministro disse que “com estas primeiras 47 áreas integradas de gestão da paisagem, agora aprovadas, damos início à transformação estrutural desta floresta”, na sessão onde intervieram também o ministro do Ambiente e da Acção Climática, Matos Fernandes, e o secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, João Paulo Catarino.
615 milhões de euros
Dos 615 milhões de euros que o PRR dedica à floresta, “menos de 10% estão afectos a meios de combate aos incêndios”, disse, acrescentando que “o resto está afecto, em primeiro, à realização do cadastro”, conhecendo cada propriedade, conhecendo também o que há dentro de cada parcela, “tendo esta informação disponível para os proprietários, para os investidores e para os que têm de proteger o território”.
Em segundo, “à conclusão da rede de protecção primária da floresta, com criação das faixas de interrupção de combustíveis. São milhares de quilómetros lineares que têm de ser abertos para interromper as massas florestais, para permitir que os bombeiros possam circular e travar o seu combate, quando necessário”, disse António Costa.
Em terceiro, “a transformação da paisagem com culturas diversas, que gerem maior rendimento, porque é a forma de quebrar o ciclo de perda de valor da floresta e da biomassa, de abandono dos territórios que a história nos legou. A forma de inverter este ciclo é gerar rendimento que fixe população”, criando um território mais próspero e coeso e mais povoado no interior.
Valorizar a biomassa
Para António Costa, uma quarta dimensão, “que é irmã gémea das áreas integradas de gestão da paisagem, são os 145 milhões de euros para o desenvolvimento das bioindústrias, com as três prioridades das resinas, do têxtil e do calçado”.
Os programas de bioindústria destinam-se a aproveitar a biomassa, que é resíduo da floresta, para “a transformar em tecido, em calçado ou em resina que possamos aplicar”, porque “a biomassa, que é o maior factor dos incêndios florestais, passa a poder ser removida para ser uma matéria-prima a vender à indústria”.
“Se queremos que a biomassa seja regularmente removida, não o podemos fazer com subsídios, temos de o fazer dando-lhe valor”, afirmou o primeiro-ministro.
Agricultura e Mar Actual