Os preparativos para a recuperação do Forte de S. Miguel Arcanjo já começaram. O arquitecto João Rapagão, um dos maiores especialistas em requalificação de património, visitou o local, e informou que deverá apresentar a sua proposta até ao fim do ano.
O monumento foi cedido à Câmara da Nazaré por um período de 25 anos. A celebração do “Auto de cedência e aceitação do Forte de S. Miguel Arcanjo, entre o Estado Português e o Município” foi aprovada em Junho passado.
Na ocasião, a autarquia anunciou que o imóvel seria recuperado, para garantir a sua conservação, restauro e o desenvolvimento das actividades de âmbito cultural e de interesse municipal.
Investimento de 1 M€
Com um investimento estimado em 1 milhão de euros, divididos pela recuperação e conservação do imóvel; e pela execução de infraestruturas (água, saneamento, acessibilidades, etc), “estão já a ser estudadas alternativas para o seu financiamento, e para podermos iniciar obra, a breve prazo”, anunciou o presidente da Câmara Municipal da Nazaré, Walter Chicharro, no dia em que recebeu a visita da equipa que fará uma das intervenções mais aguardadas no património.
“Foi um dia marcante, e muito ansiado, para a Nazaré, não só porque se fez a primeira visita ao local com o arquitecto João Rapagão, mas também porque isto acontece pouco tempo depois de termos assumido a gestão do monumento”, disse o presidente do município da Nazaré.
O autarca adiantou que espera ter a proposta de projecto de arquitectura e de especialidades (que seguirá recomendações da DGPC) dentro em breve para a requalificação de “um dos mais icónicos, e importantes monumentos do concelho. Para além da história que carrega, é um elemento representativo das maiores ondas do planeta, num Município eminentemente orientado para o turismo”.
O autarca sublinhou ainda o facto de, com a posse do monumento, ter terminado “o risco de algumas entidades públicas e privadas poderem ficar com este activo histórico e patrimonial que pertence aos munícipes; e de o imóvel continuar a sua degradação, pois a DGTF não foi sensível aos apelos do Município no sentido da intervenção de requalificação”.
Para o arquitecto João Rapagão “é de uma enorme responsabilidade” o desafio de requalificar “uma peça iconográfica”.
Conservar a história
Adepto de património que conserve a história que representa, mas que se adapte à modernidade e não seja uma peça “congelada no tempo”, João Rapagão salienta que “se se conseguir um projecto que, por um lado, mantenha tudo isto legível, enquanto um documento histórico, e que seja, por outro, uma peça do século actual, que mostre a Nazaré de agora, e esta sua vocação para os desportos de mar, e das ondas grandes, em particular, vou ser uma pessoa feliz e realizada”.
“O meu entendimento sobre estas heranças é de respeito e de projecção de evolução, pois elas devem acompanhar a sociedade contemporânea. Se o conseguirmos colocar no século XXI, e com esta vocação, acho que será uma mais valia incrível. Acho fantástica a ideia de usar uma peça histórica nesta ponte para o surf, de que é exemplo a Surfer Wall, no Paiol. Manter os dois tempos, o passado e futuro, numa intervenção projectada para meio século, também é fazer património”.
Desde a sua abertura ao público, pela actual gestão, o Forte tem sido um dos atractivos de visita à Nazaré. Registaram-se 350 000 visitas.
Para além do edifício, também os acessos ao Forte serão alvo de qualificação, encontrando-se essa etapa em fase de projecto.
Agricultura e Mar Actual