Sabia que Portugal é dos únicos países que exporta quase a totalidade da sua produção de tomate transformado? Pois é verdade, exporta 77% daquilo que produz. Reino Unido, Japão, Espanha e Alemanha são os principais destinos das nossas exportações. As importações são provenientes, quase exclusivamente, de Espanha e alguma quantidade de Itália.
Estes são alguns dos números compilados pela Agroges — Sociedade de Estudos e Projectos para a Agro News #2, promovida pelo Millennium bcp, dedicada à fileira de tomate para indústria.
De realçar que o saldo da balança comercial dos transformados de tomate tem evoluído de forma muito positiva, apresentando em 2018 um excedente de cerca de 189 milhões de euros (crescimento de 68% na última década).
Evolução da área de tomate de indústria
Em Portugal, ao longo dos últimos 20 anos, a área de tomate de indústria decresceu, em média, à taxa de -1,0% ao ano; na região do Ribatejo e Oeste cresceu a uma taxa de 0,1%/ano.
Entre 2010 e 2018, a área de tomate de indústria no Alentejo teve um decréscimo de 11%, pelo que não beneficiou do desenvolvimento das infra-estruturas de Alqueva, tendo decrescido 2% em termos nacionais.
As produtividades do tomate de indústria têm apresentado uma progressão muito significativa nos últimos 20 anos (1,6%/ano em Portugal e 1,5%/ano no Ribatejo e Oeste), menos evidente ao longo desta última década, acrescenta a Agroges.
O crescimento da produtividade média fica a dever-se à adopção das novas tecnologias e à opção por novas variedades com maior potencial. Os valores de produtividade média actual são de 84.783 kg/ha, em Portugal, e 85.277 kg/ha, no Ribatejo e Oeste.
Produção de tomate de indústria
Segundo os dados recolhidos pela Agroges, o volume de produção de tomate de indústria tem contrariado a tendência de diminuição das áreas de tomate de indústria, tendo, em 2015, sido alcançados máximos dos últimos 20 anos (1,8 milhões de toneladas em Portugal e 1,6 milhões de toneladas no Ribatejo e Oeste).
Estes valores resultam de taxas de crescimento médio anual de 0,6%/ano em termos nacionais e de 1,7%/ano na região do Ribatejo e Oeste. Desde 2015 que as ajudas à produção são pagas em função da área de produção, com um valor de referência de 240€/ha.
Na última década, o preço médio do tomate para indústria, após atingir o mínimo em 2011, registou um crescimento, tendo desde 2016 estabilizado em torno dos 75€/t.
Refira-se que o preço praticado pelas diferentes indústrias é função do respectivo grau-brix e cor, pelo que a variância em cada ano é relativamente elevada, podendo variar também entre indústrias.
Este aumento, nos últimos dez anos, atingiu uma taxa de crescimento médio anual de 3,9%/ano em Portugal, 6,7%/ano no caso da polpa de tomate e 2,6%/ano no concentrado de tomate.
O volume de negócios total associado à produção de derivados de tomate de indústria tem evoluído de forma muito positiva, tendo atingido um máximo absoluto no ano de 2018 – 264 milhões de euros. Esta evolução favorável reflecte a conjugação do aumento dos volumes produzidos.
Perspectivas de produção
Para os especialistas da Agroges, a área de tomate para indústria tenderá a manter-se nos próximos anos, permitindo satisfazer a capacidade industrial actualmente existente, sendo no entanto de esperar eventuais ajustamentos que decorram da revisão dos apoios públicos actualmente em vigor (reforma da PAC).
Apesar das perspectivas de crescimento sustentado do mercado à escala global e das excelentes condições naturais que Portugal apresenta para a produção de tomate, é de esperar que os preços médios anuais para o tomate de indústria estabilizem próximo de 75€/t de tomate, permitindo assim o escoamento dos stocks existentes à escala global.
Pode ler a Agro News #2 completa aqui.