O poder de compra médio de um habitante do concelho de Lisboa é mais do triplo do poder de compra per capita de 121 concelhos do País e é mais do dobro de 176 dos restantes concelhos. Esta é a conclusão do mais recente estudo do economista da CGTP-IN, Eugénio Rosa.
“Analiso, utilizando apenas dados oficiais do INE, as enormes desigualdades que continuam a existir no poder de compra per capita (por habitante) dos 308 concelhos do País, mostrando também que as diferenças na produtividade aparente do trabalho e na riqueza criada por habitante (PIB por habitante) entre as diferentes regiões não justificam essas diferenças chocantes”, diz Eugénio Rosa.
Refere o estudo que. segundo o INE, o poder de compra médio de um português a viver no concelho de Lisboa (poder de compra per capita) é 2,14 superior ao poder de compra médio nacional por habitante, e é mais de três vezes superior ao poder de compra médio de um português que viva em 121 concelhos do País, entre os quais Eugénio Rosa destaca, só a titulo de exemplo, Arco de Valdevez, Monção, Paredes de Coura e Ponte de Barca no Norte do país; Alijó e Freixo de Espada à Cinta na região do Douro; Arganil e Cóis na região de Coimbra; Alvito, Barrancos, Mértola, e Serpa no Alentejo; Aljezur e Vila do Bispo no Algarve; Povoação, Ribeira Grande, Lages do Pico, Lages das Flores nos Açores; Calheta, Ponta do Sol, Porto Moniz, Ribeira Brava, Santa Cruz e Santana na Madeira.
Aquele economista diz esperar que este estudo possa ser “um contributo, pequeno sem dúvida, para uma reflexão mais profunda e fundamentada de uma questão que tem sido ignorada na agenda politica e mediática, que só as consequências dramáticas dos incêndios que abalaram o país obrigou a não continuarem esquecidas”.
Em relação aos restantes concelhos (187), com excepção de 11, ou seja, em 176 o poder de compra per capita do concelho de Lisboa é superior ao dobro do poder de compra médio de um português que vive nestes 176 concelhos.
“É evidente, o que é necessário fazer não é baixar o poder de compra da população de Lisboa, como aconteceu com o governo do PSD/CDS e troika, mas sim aumentar o de todos os concelhos do País reduzindo as desigualdades existentes”, acrescenta aquele sindicalista.
A culpa é do sistema capitalista
Diz Eugénio Rosa que “o sistema capitalista gera, pela sua própria natureza, desigualdades, pois estas são a consequência inevitável da concentração da riqueza e do poder numa minoria. As graves desigualdades existentes entre portugueses a viver em diferentes concelhos do País é uma das consequências inevitáveis do capitalismo”. E por isso, diz, “cabe ao Governo procurar reduzi-las”.
Para o economista, apesar deste Governo ter criado uma “Unidade de missão para a valorização do interior na dependência directa do Primeiro-Ministro, tendo como responsabilidades criar, implementar e supervisionar um programa nacional para a coesão territorial, bem como promover o desenvolvimento do território do interior”, e da apresentação por esta unidade de 164 medidas para valorizar o interior “o certo que pouco ou nada se alterou”.
Pode consultar o estudo completo aqui.
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