A Plataforma Transgénicos Fora tem em curso uma petição contra o herbicida glifosato, juntando-se ás suas congéneres da União Europeia. Até ao Verão a Plataforma tem de recolher 16 mil assinaturas de cidadãos portugueses. Na totalidade da UE, a iniciativa tem de recolher um milhão de adesões.
Segundo aquela Plataforma, o herbicida glifosato “causa cancro em animais de laboratório, e até ao final de 2017 a União Europeia tem de decidir”. E questiona: “queremos que ele continue a ser aplicado na água, na comida, na cidade e nos campos?”, garantindo que “as multinacionais Monsanto, Bayer, etc. lutam com todo o seu dinheiro e influência para manter no mercado o herbicida mais vendido no mundo. Nós, consumidores, queremos o oposto e podemos fazer valer a nossa voz através desta Iniciativa de Cidadãos”.
Europa diz que não é cancerígeno
A petição está em curso apesar de o Comité de Avaliação de Riscos da Agência Europeia dos Produtos Químicos ter investigado e concluído que o glifosato não é cancerígeno. Fonte oficial da ECHA – Agência Europeia dos Produtos Químicos emitiu, a 15 de Março, o seu parecer, onde considera a substância herbicida glifosato não cancerígena. Esta é uma tomada de posição que está em conformidade com as conclusões que a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) já havia partilhado em Novembro de 2015.
Na altura, o director executivo da Anipla – Associação Nacional da Indústria para a Protecção das Plantas, António Lopes Dias, referiu que “a ciência prevaleceu, e estou verdadeiramente satisfeito com o retomar da verdade e da evidência científica. Esta classificação pela ECHA é consistente com as 90.000 páginas de provas existentes, 3.300 estudos, e as opiniões da EFSA e da OMS”.
A Plataforma explica que, desde que em 2015 a OMS – Organização Mundial de Saúde classificou o glifosato como sendo uma substância que “provavelmente” causa cancro em pessoas e que “demonstradamente” causa cancro em animais de laboratório, o futuro na Europa do herbicida mais vendido no mundo (e em Portugal) “tornou-se uma questão de intenso debate científico, social e político”.
Após anos de adiamentos, os Estados-membros e a Comissão Europeia deverão decidir em 2017 se reautorizam os herbicidas à base de glifosato, e por quanto tempo. Em cima da mesa estão os pareceres positivos do país relator (Alemanha), da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) e as sucessivas propostas da própria Comissão Europeia para que o herbicida seja aprovado.
Da Plataforma Transgénicos Fora fazem parte a Agrobio – Associação Portuguesa de Agricultura Biológica, a Campo Aberto –, Associação de Defesa do Ambiente, a CNA – Confederação Nacional da Agricultura, a CPADA – Confederação Portuguesa de Associações de Defesa do Ambiente, a GAIA – Grupo de Acção e Intervenção Ambiental, a GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, a Associação IN LOCO, Desenvolvimento e Cidadania, a LPN, Liga para a Protecção da Natureza, o MPI, Movimento Pró-Informação para a Cidadania e Ambiente, o NDMALO-GE, Núcleo de Defesa do Meio Ambiente de Lordelo do Ouro – Grupo Ecológico, e a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza.
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