Os pescadores portugueses, após oito meses de interdição, podem voltar a capturar sardinha a partir de hoje, 3 de Junho. Até ao final de Julho, a frota portuguesa pode pescar 7.181 toneladas de sardinha, que corresponde a 66,5% das 10.799 toneladas que serão repartidas entre Portugal e Espanha.
Este limite foi acordado entre Portugal, Espanha e a Comissão Europeia, estando acima das 10.300 toneladas inicialmente propostas por Bruxelas.
Mas, os pescadores acham pouco e garantem que a captura partilhada por Portugal e Espanha pode chegar a cerca de 16.500 toneladas.
Garantir a sustentabilidade da espécie
O secretário de Estado das Pescas, José Apolinário, garante que a pesca será feita com limites que vão permitir a garantia da sustentabilidade do stock.
“Face aos dados do recurso que temos, vamos começar a pesca com 10.799 toneladas entre Portugal e Espanha, o que corresponde a 7.181 toneladas (66,5%) para a frota portuguesa, das quais 5.000 até ao final de Julho” e as restantes 2.181 toneladas a partir de Agosto, disse José Apolinário em declarações à Lusa.
Segundo o governante, “as estimativas que existem [apontam] para uma ligeira recuperação da biomassa, mas é necessário continuar os esforços. Reconhecemos que esta ligeira recuperação se deve muito aos esforços que o sector tem vindo a desenvolver”, mas essa recuperação “tem que ser visualizada e consolidada com base nos dados científicos”.
Repartição da quota
Em 15 de Maio, através de um despacho publicado em Diário da República, o Governo já tinha indicado que de 3 de Junho e até ao final do mês a quota (5.000 toneladas) será repartida entre “o grupo de embarcações cujos armadores ou proprietários são membros de organizações de produtores (OP) reconhecidas para a sardinha e o grupo de armadores ou proprietários que não são membros de OP reconhecidas para a sardinha, correspondendo a cada um dos grupos, respectivamente, 4.925 toneladas e 75 toneladas”.
ANOP Cerco defende captura de 16.500 toneladas
No entanto, os pescadores garantem que há muita sardinha e reclamam alargamento da quota. A Associação Nacional das Organizações dos Produtores da Pesca do Cerco (ANOP Cerco) recorreu, há uma semana, aos dados do Conselho Internacional para a Exploração do Mar – ICES, na sigla inglesa. Mas fê-lo para sustentar que a captura partilhada por Portugal e Espanha pode chegar a cerca de 16.500 toneladas.
“De acordo com o estudo publicado no passado dia 14 de Maio pelo ICES, as capturas ibéricas de sardinha no ano de 2019 poderão chegar a 16.450 toneladas se a biomassa com mais de um ano for estimada em 200.000 toneladas”, lê-se numa nota divulgada a 27 de Maio pela ANOP Cerco.
Agricultura e Mar Actual