O IVV — Instituto da Vinha e do Vinho estima-se que a produção de vinho na campanha 2018/2019 atinja um volume de 6,5 milhões de hectolitros, o que se traduz numa diminuição de 3% relativamente à campanha 2017/2018, no entanto muito próxima da média das cinco últimas campanhas.
O decréscimo global de produção, em relação à campanha anterior, é sustentado pela maioria das regiões vitivinícolas, à excepção das regiões do Alentejo, do Algarve e dos Açores. Na região Douro e Porto não se prevê variação. No Alentejo estima-se que a produção de vinho aumente 15%.
Diz a Nota n.º 3/2018 – Previsão de Colheita – Campanha 2018/2019, do IVV, que o ciclo vegetativo das videiras está atrasado duas a três semanas, pelo que as condições climatéricas nos meses de Agosto e de Setembro serão determinantes na quantidade e qualidade da colheita.
Quebra de 5% no Minho
Na região do Minho, é esperada uma quebra na produção de 5%, fruto das condições climatéricas atípicas ao longo do ciclo vegetativo, com períodos de bastante calor, seguidos de períodos de frio e mais chuvoso que o ano passado.
“Esta instabilidade levou ao surgimento de míldio, especialmente no cacho, a alguns ataques de oídio e de podridão. No período da floração/alimpa o vingamento nalgumas vinhas foi afectado, provocando desavinho e bagoinha”, refere a mesma nota, adiantando que se verifica um atraso do ciclo vegetativo em cerca de 2 a 3 semanas face a 2017.
Menos 15% em Trás-os-Montes
Na região de Trás-os-Montes a previsão aponta para um decréscimo na produção de 15%. O Inverno quente e seco e a Primavera fria e muito chuvosa, potenciaram o aparecimento de míldio. Em algumas castas, as condições meteorológicas verificadas na altura da floração, levaram à ocorrência de bagoinha.
Míldio ataca Douro e Porto
Na região Douro e Porto a previsão aponta para uma produção semelhante à campanha passada. Os ataques de míldio foram muito fortes, devido à instabilidade climática: muita humidade no solo provocou uma expansão vegetativa muito rápida, atrasando e dificultando os tratamentos fitossanitários.
Junho e Julho foram meses chuvosos, criando condições para a propagação desta doença. A vindima deve começar com um atraso de 10 dias face à média da região e é esperada uma colheita de qualidade.
Beira Atlântico: redução da produção de 17%
Na região da Beira Atlântico, o IVV prevê uma redução da produção de 17%. A maturação revela-se muito heterogénea, com cepas a apresentar cachos em vários estados fenológicos.
Verificaram-se ataques generalizados de míldio e nas últimas semanas também de oídio.
Na região Terras do Dão perspectiva-se uma quebra na produção de 25%. A principal doença verificada nesta campanha foi o míldio, devido às condições climatéricas do mês de Junho e Julho (precipitação, orvalhos e temperaturas amenas), com perdas acentuadas de produção.
A chuva na floração provocou desavinho. Com menor intensidade, o oídio e a podridão negra, foram também doenças detectadas.
Produção cai 30% nas Terras da Beira
Na região Terras da Beira prevê-se uma redução na produção de 30%. Tem sido um ano atípico, com precipitações fora da época normal a afectarem a produção bem como a incidência de míldio e oídio. Os teores de água no solo são mais elevados que em anos normais pelo que o stress hídrico não é um problema, beneficiando o peso médio dos cachos. O estado fenológico das videiras está atrasado cerca de 2 semanas.
Na região Terras de Cister espera-se uma diminuição de 10% na produção, influenciada pelo granizo no final de Maio, pelas chuvas intensas no mês de Junho e por uma onda de calor no mês de Julho. Observaram-se ataques de míldio.
Tejo com menos 5%
Na região do Tejo prevê-se uma diminuição da produção (-5%). Os ataques de míldio e de oídio obrigaram ao aumento do número de tratamentos, face ao ano passado. Prevê-se um ano de boa qualidade, uma vez que as temperaturas se mantêm abaixo dos 30 graus, promovendo uma taxa fotossintética óptima para a maturação das uvas.
Lisboa sofre ataques de oídio
Na região de Lisboa, o IVV perspectiva uma quebra de 5% na produção, com zonas afectadas por ataques de oídio e posteriormente de podridão cinzenta. As condições climatéricas que têm ocorrido ao longo do ciclo vegetativo, potenciaram um atraso de 3 semanas no seu desenvolvimento.
Na região da Península de Setúbal é esperado uma diminuição de produção de 5%. As intensas chuvas de Março e Abril, associadas a temperaturas amenas, criaram condições ao desenvolvimento de manchas de míldio nas folhas.
A continuação de tempo húmido e chuvoso na floração contribuiu para alguma bagoinha no Castelão e desavinho no Moscatel-Graúdo. É previsível um atraso no início das vindimas.
Alentejo em contra-ciclo cresce 15%
Na região do Alentejo estima-se que a produção de vinho aumente 15%. A ocorrência de alguns problemas fitossanitários, o oídio e o míldio, foram controlados com os tratamentos adequados. Estima-se um atraso no ciclo vegetativo de duas semanas.
Na região do Algarve a previsão de produção aponta para um aumento de 10%. Apesar da alta pluviosidade registada, verificou-se um bom desenvolvimento vegetativo das vinhas. Ocorreram alguns focos de míldio e de oídio, que não afectaram a produção.
Na região da Madeira estima-se uma quebra de produção de 11%. De modo geral, as vinhas encontram-se em bom estado fitossanitário. No que respeita ao desenvolvimento vegetativo, na generalidade, as vinhas encontram-se com um atraso de 5 a 10 dias, prevendo-se uma vindima tardia.
Açores a crescer 11%
Na região dos Açores a previsão global é de um aumento de produção de 20%. As condições climatéricas foram excelentes, inclusive no período da floração/vingamento, pelo que as uvas apresentam-se em óptimo estado, não tendo ocorrido também problemas significativos com doenças criptogâmicas.
Apenas se salienta alguns ataques de ácaros. A continuarem estas condições, espera-se um ano de excelente qualidade, salientam os técnicos do IVV.
Agricultura e Mar Actual