“Com o Corredor do Mar Negro inacessível, espera-se que o volume de tonelagem exportado pelas rotas marítimas diminua drasticamente. Tal poderá conduzir a desafios na distribuição de cereais através das Vias de Solidariedade da UE [União Europeia], podendo resultar num aumento dos preços dos cereais nos mercados locais. A retirada da cobertura de seguros para o comércio na região devido a ameaças militares da Rússia, poderá dissuadir os operadores privados de se envolverem no comércio com a Ucrânia”.
Quem o diz é o secretário-geral da IACA – Associação Portuguesa dos Industriais dos Alimentos Compostos para Animais, Jaime Piçarra, no seu artigo de opinião, na rubrica “Notas da Semana”, no site da Associação, intitulado “Um Mar cada vez mais Negro?”.
Adianta Jaime Piçarra que “o fracasso em manter as actuais exportações da Ucrânia pode ter consequências de maior alcance. Os agricultores ucranianos, em situação de falência, tenderão a reduzir as áreas de cultivo no próximo ano, o que poderá resultar numa perda significativa na oferta global de cereais, com a Rússia a ser cada vez mais dominante nos países dependentes da importação de cereais”.
Fundo para cobrir resseguro de cargas
“Deste modo, para além da criação de um fundo para cobrir o resseguro de cargas, navios e instalações portuárias, é recomendada a Bruxelas, pela COCERAL [associação europeia que representa o comércio de cereais, arroz, alimentos para animais, oleaginosas, azeite, óleos e gorduras e agro-abastecimento] e FEFAC [The European Feed Manufacturers’ Federation], a abertura de “corredores verdes” adicionais para facilitar a passagem de cereais ucranianos através de vários portos localizados em território da UE, como os Estados Bálticos, a Alemanha, os Países Baixos, a Croácia, a Itália e a Eslovénia. Esses corredores agilizariam os procedimentos de controle sanitário, fitossanitário e veterinário no porto de destino, para evitar atrasos na fronteira ucraniana”, frisa o secretário-geral da IACA.
Além disso, salienta que “deve ser prestado apoio financeiro às transportadoras da UE para cobrir os custos adicionais de logística e transporte decorrentes da utilização de rotas mais longas. Recomenda-se ainda que os países da linha da frente (Bulgária, Hungria, Polónia, Roménia e Eslováquia) levantem permanentemente as restrições à importação de trigo, milho, colza e sementes de girassol da Ucrânia a partir de 15 de Setembro de 2023”.
Pode ler a “Notas da Semana — Um Mar cada vez mais Negro?” aqui.
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