O director Regional da Agricultura afirmou, na ilha Terceira, que os agricultores devem apostar, cada vez mais, na valorização das suas produções e na redução de custos nas explorações, de modo a melhorarem os proveitos e dependerem menos dos apoios ao rendimento.
“O caminho a seguir passa por continuar a melhorar o efectivo genético, reduzir a dependência de alimentos importados, por forma a aumentar o lucro da actividade e depender menos dos apoios ao rendimento”, frisou José Élio Ventura, na palestra sobre o tema ‘A seca, a lavoura, as dificuldades e as ajudas – ser agricultor é mais do que uma profissão – é uma missão’, organizada pelo Núcleo de Criadores de Bovinos de Raças de Carne da Ilha Terceira.
Produzir mais alimentos saudáveis
Para José Élio Ventura, a missão dos agricultores passa por produzir mais alimentos saudáveis, de acordo com as boas práticas agrícolas e salvaguardando o bem-estar animal, aspectos que importam e dizem muito a um número de consumidores cada vez maior.
“Nos Açores, temos condições excepcionais para produzir produtos amigos do ambiente, funcionais e biológicos, desde logo porque temos animais que, na sua esmagadora maioria, pastam 365 dias ao ar livre”, salientou o director Regional, que enalteceu o papel dos agricultores açorianos na salvaguarda do meio ambiente, da natureza e do ordenamento do território.
Seca
Relativamente aos efeitos da seca que assolou este ano os Açores, José Élio Ventura salientou que os prognósticos mais pessimistas em relação à produção de leite e carne não se confirmaram.
“Na Terceira, a produção de leite cresceu mais de 3%, em linha com o resto dos Açores. Também os abates de bovinos, nos primeiros 10 meses deste ano, aumentaram 10% na Terceira e 11% nos Açores”, revelou o director Regional, admitindo que este último indicador possa ter a ver, em parte, com a necessidade de reduzir algum encabeçamento nas explorações devido à seca.
Diferença do preço da carne entre os Açores e continente
José Élio Ventura referiu também que o sector da carne “tem um longo caminho a percorrer”, sendo necessário continuar a melhorar a qualidade do efectivo de vocação de carne, obter carcaças de melhor conformação e prosseguir para produtos da denominada quarta geração, indo ao encontro das necessidades do mercado, e criar mais valor e rendimento para toda a fileira, particularmente para os produtores de carne”.
O director Regional manifestou ainda estranheza quanto à diferenciação do preço da carne que continua a existir entre os Açores e o continente, que, apesar da evolução verificada, “não é totalmente justificável pelo Atlântico que nos separa”.
Agricultura e Mar Actual