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Gorgulho-do-eucalipto. Sabe o que é e como o combater?

O gorgulho-do-eucalipto é uma praga que ataca Portugal e vários países europeus. O que é? Como combater este insecto? O agricultura deixa aqui as dicas do ICNF — Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.

O que é?

O gorgulho-do-eucalipto, Gonipterus platensis, é um insecto desfolhador, do Género ‘Eucalyptus’ spp. Ataca na Europa, Ásia, África, América do Norte, América do Sul e Oceânia.

O gorgulho-do-eucalipto (Gonipterus platensis Marelli) é um insecto desfolhador, originário da Austrália que se alimenta das folhas de qualquer espécie do género Eucalyptus, tendo no entanto preferência por determinadas espécies, como é o caso do Eucalyptus globulus.

Da sua acção podem resultar grandes perdas de produtividade, podendo mesmo, em casos mais graves, ocorrer uma destruição total do povoamento.

Praga em Portugal

Em Portugal, este insecto é considerado uma praga, tendo sido detectado pela primeira vez em 1995, no Norte do País. Acompanha a distribuição do eucalipto-glóbulo, tendo os ataques mais intensos registados ocorrido nas zonas de montanha (acima dos 400-500 m de altitude), nas regiões Norte e Centro.

A nível mundial tem uma distribuição geográfica bastante alargada, tendo já sido detectado em diversos países.

Biologia

Este insecto desfolhador ataca principalmente as folhas adultas recém-formadas, pelo que os eucaliptos mais susceptíveis ao ataque são os que se encontram em transição de folha jovem para adulta (entre os 2 a 4 anos de idade) e os adultos.

Os danos são causados quer pelos insectos adultos, quer pelas larvas, podendo levar à desfolha total dos ramos terminais.

Em consequência desta actividade, pode ocorrer desfolha total dos ramos terminais e bifurcação do tronco, provocando uma quebra acentuada no crescimento, com consequências no aproveitamento da madeira.

As árvores sucessivamente desfolhadas tornam-se mais vulneráveis ao ataque de outras pragas.

Veja mais aqui.

Sintomas

Em Portugal, o gorgulho-do-eucalipto apresenta duas gerações por ano (primavera e outono), sendo nestas alturas do ano que se registam maior quantidade de posturas (ootecas) e de larvas.

Ootecas (ovos): as posturas, com uma média de 8 ovos por postura, são revestidas por uma cápsula preta (ooteca)e realizam-se em Fevereiro e Setembro.

Larvas: a eclosão das larvas ocorre normalmente 2 semanas após a postura. Esta fase dura cerca de quatro semanas e as larvas alimentam-se de folhas tenras, sendo nesta fase que ocorrem os maiores danos.

Pupas: terminado o desenvolvimento da larva, esta solta-se da árvore e enterra-se no solo onde se transforma em pupa e inicia o processo de transformação até ao estado adulto.

Disseminação

A dispersão natural desta praga pode ocorrer através do voo dos insectos adultos. A grandes distâncias, o movimento de plantas para plantação que transportem ovos, larvas ou insectos adultos são também um veículo de transmissão, assim como o transporte de solo que contenha larvas e pupas.

Medidas preventivas

As medidas preventivas que se podem aplicar estão muito relacionadas com as práticas de instalação e gestão dos povoamentos de eucalipto, nomeadamente:

  • Utilização de espécies de eucalipto menos susceptíveis ao ataque deste insecto;
  • Não efectuar plantações em locais com altitude superior a 400-500 m;
  • Evitar instalar os eucaliptais em locais inadequados para o seu desenvolvimento.

Controlo

Existem diversos meios de luta que podem ser utilizados no controlo das populações de Gonipterus platensis, no sentido de minimizar os danos provocados por este agente biótico nocivo, devendo ser adoptados, sempre que possível, os princípios da protecção integrada (Decreto-lei n.º 37/2013, de 13 de Março):

  • Luta biológica: utilização do himenóptero parasitóide Anaphes nitens, o qual parasita os ovos do gorgulho impedindo o seu desenvolvimento, particularmente para altitudes inferiores a 600 m. A largada dos parasitoides deve fazer-se durante as fases da postura, ou seja, entre Fevereiro e Junho e Setembro e Dezembro. Este agente de controlo tem sido utilizado com algum sucesso em outros países (Brasil, Uruguai, Chile, África do Sul e Espanha). Foram já efectuadas diversas largadas em campo com Anaphes nitens, em Portugal, entre 1996 e 2011, tendo-se verificado algumas dificuldades no seu estabelecimento nas zonas de maior altitude (acima dos 600 m), o que tem mantido as desfolhas das árvores a um nível bastante elevado. Por este motivo, estão a ser estudados outros agentes de controlo biológico.
  • Luta genética: estão a decorrer ensaios de campo no sentido de encontrar outras variedades e espécies de eucaliptos que sejam mais tolerantes ou mais resistentes aos ataques do Gonipterus platensis.
  • Luta química: existem insecticidas da família dos neonicotinoides que podem ser utilizados no controlo do gorgulho-do-eucalipto com eficácia. Estes insecticidas não são nocivos para as abelhas nem afectam a qualidade do mel. A sua aplicação só pode ser efectuada por técnicos(as) especializados(as) e autorizados(as) e com equipamento adequado, devendo ser direccionada para a copa das árvores a tratar. As aplicações devem fazer-se na primavera, quando surgem as primeiras larvas, respeitando sempre as distâncias de segurança para os cursos de água.

Saiba tudo sobre o gorgulho-do-eucalipto no site do ICNF, aqui.

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