O GEOTA — Grupo de -Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente entregou hoje, 11 de Abril, na residência oficial do primeiro-ministro, António Costa, e no gabinete do ministro do Ambiente e Transição Energética, Matos Fernandes, garrafas de vinho verde da Quinta das Escomoeiras, uma quinta de enoturismo que perderia as suas vinhas com o avanço da Barragem de Fridão.
Realce-se que o Governo tem de decidir até 18 de Abril se a EDP vai construir a Barragem de Fridão. Se desistir do projecto, pode ter de pagar mais de 218 milhões de euros à empresa.
Actores, cantores e apresentadores juntam-se para apelar à participação na campanha #frinão. Ana Brazão, do Rios Livres GEOTA, adianta que “quase duzentas mil pessoas já assistiram ao primeiro vídeo onde vários artistas se solidarizam com a causa. E o segundo vídeo, lançado na semana passada, já conta com mais de cento e cinquenta mil visualizações”.
Risco de colapso
Nos vídeos da campanha, as actrizes Anabela Teixeira, Cecília Henriques, Mafalda Luís de Castro e Rafaela Covas, os actores Fernando Fernandez e João Mota, ou as cantoras Joana Espadinha e Mariana Norton apelam à participação na primeira petição onde, ao subscrever, as pessoas “não assinam” uma declaração de responsabilização pessoal pelos impactes e risco de colapso, com a consequente chegada de um tsunami que inundaria o centro de Amarante em 13 minutos.
Ana Brazão explica que “os participantes são também convidados a enviar um email ao primeiro-ministro, desafiando-o a assinar. E afirma estarem “muito satisfeitos com a adesão visto que até ao momento quase 5000 pessoas participaram”.
Já os actores Manel Moreira e Vitor d’Andrade, o cantor Zé Manel e o cartoonista, apresentador do Canal Q e, mais recentemente, das manhãs da Antena 3, Hugo van der Ding, foram também numa viagem pelas áreas do Rio Tâmega que a albufeira inundaria, a convite da associação de defesa do ambiente.
Quinta das Escomoeiras desaparece?
Ontem, uma vídeo-reportagem foi publicada nas redes sociais do projecto Rios Livres GEOTA, com imagens da sua descida de rafting, percurso pedestre e prova de vinho verde, actividades que deixarão de ser possíveis caso a barragem avance.
Um desses casos é a Quinta das Escomoeiras, em Celorico de Basto, da qual foram hoje entregues garrafas de vinho na residência oficial do primeiro-ministro e no gabinete do ministro do Ambiente e Transição Energética. Este empreendimento turístico e vitivinícola veria a sua produção submersa pela albufeira, refere o GEOTA.
“Este presente traz uma ‘mensagem na garrafa’: a região tem atributos importantes que ficarão destruídos se a 18 de Abril decidirem avançar com Fridão. É uma decisão sem retorno e com implicações concretas na vida das pessoas,” acrescenta Ana Brazão, do GEOTA.
Enoturismo em risco
O proprietário da quinta, Fernando Fernandes, afirmou que se perder a vinha “nem faz sentido pertencer à rota dos vinhos verdes e ter esta actividade de enoturismo que tem crescido imenso nos últimos anos. Portanto, é um desastre, de facto”.
E acrescenta que trabalhou e lutou no sentido de “dar um contributo para a preservação dos ecossistemas e do ambiente e agora é como se tudo ruísse”.
A Barragem de Fridão
Segundo explica a EDP, o aproveitamento hidroeléctrico de Fridão, previsto para o Rio Tâmega, afluente da margem direita do Rio Douro, localizar-se-á a montante do aproveitamento do Torrão.
Será constituído por uma barragem principal, a montante, e por uma barragem não equipada, a jusante, junto à confluência com o Rio Olo, destinada apenas à regularização de caudais.
A área de influência das suas albufeiras compreenderá os concelhos de Mondim de Basto, Celorico de Basto, Cabeceiras de Basto, Ribeira de Pena e Amarante.
A reavaliação do Programa Nacional de Barragens, levada a cabo pelo XXI Governo Constitucional, concluiu ser necessário adiar, até final de 2019, a decisão de construção do aproveitamento hidroeléctrico de Fridão, face às circunstâncias futuras, e de acordo com o cumprimento dos compromissos assumidos no Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética e do Plano Nacional de Acção de Energias Renováveis.
Agricultura e Mar Actual