“Os sistemas de produção de regadio revestem-se de uma importância fulcral para o desenvolvimento harmonioso e competitivo do território nacional, especialmente em países com uma climatologia como a de Portugal, com irregularidades acentuadas ao nível da precipitação e largos períodos do ano com temperaturas médias muito elevadas e sem qualquer precipitação”, refere o estudo “Regadio 20|30 – Levantamento do Potencial de Desenvolvimento do Regadio de Iniciativa Pública no Horizonte de uma Década”.
Coordenado pela EDIA — Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva, o estudo salienta que “o aumento das quantidades produzidas e do valor bruto da produção, que contribui para a balança alimentar do país. Este acréscimo de VAB entre sequeiro e regadio é, em média, de acordo com o RGA2019 [Recenseamento Geral da Agricultura] de cerca de 6 vezes, mas pode ascender a mais de 10 ou 15 vezes o valor inicial”.
O estudo está em consulta pública. Todos os contributos deverão ser remetidos para pnregadio2030@ma.gov.pt, até ao próximo dia 14 de Janeiro.
A EDIA destaca ainda esta importância estratégica do regadio referindo que “para além dos impactes directos ao nível económico, o regadio é gerador de uma enorme riqueza ao nível de um conjunto de actividades a montante e a jusante do mesmo”. Este efeito é particularmente relevante em áreas rurais mais densamente povoadas, onde existe uma interligação forte de um conjunto de actividades económicas que se desenvolvem por existir regadio.
“Exemplos claros são não só toda a cadeia que alimenta o sector agrícola ao nível de factores de produção, mas também outras actividades do sector terciário que estão fortemente alavancadas ao sector primário, especialmente em áreas rurais”, realça o estudo.
“Contributo claro para a soberania alimentar”
Por outro lado a EDIA destaca o “contributo claro para a soberania alimentar do País, grau de auto-aprovisionamento de produtos e para as exportações do sector agroalimentar, como tem sido comprovado em diversos sectores de actividade (nomeadamente, no azeite, frutas, vinho e legumes)”.
E não esquece a “fixação de populações nos territórios rurais e criação de emprego, que sem estas mais-valias, não terão condições de rentabilidade económica para ocuparem os espaços rurais”, realçando que o “regadio desempenha em vastas regiões do País uma grande complementaridade com os sistemas de sequeiro, os quais, sem a existência de algumas bolsas de regadio, dificilmente sobreviveriam”.
Destaca ainda o estudo da EDIA o regadio como “instrumento de combate à desertificação de vastas zonas do País, criando assim uma barreira(as) verde(s) essencial(ais) à necessária resiliência rural de grandes áreas do País”, e o seu papel na “ajuda no combate aos fogos florestais, quer através de criação de áreas verdes de descontinuidade, fulcrais no território, quer através de pontos estratégicos de obtenção de água para combate a incêndios, normalmente associados a melhores vias de comunicação e à maior presença humana”.
O documento identifica ainda o regadio como uma “resposta às alterações climáticas, que acentuam cada vez mais as características que fazem do regadio um instrumento de enorme relevância: aquecimento global e concentração da precipitação (escassa) em períodos cada vez mais concentrados”.
Pode consultar aqui o Estudo “Regadio 20|30”.
Entidades que colaboraram no estudo:
- DRAPN – Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte
- DRAPC – Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro
- DRAPLVT – Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Lisboa e Vale do Tejo
- DRAPALE – Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo
- DRAPALG – Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve
- AGPDR2020 – Autoridade de Gestão do Programa de Desenvolvimento Rural 2020
- IFAP – Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas
- Fenareg – Federação Nacional de Regantes de Portugal
- Autarquias
- Comunidades Intermunicipais
- Associações de Regantes e Beneficiários
- Empresas de Consultoria e Projecto
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