“O centro Smart Ocean, do qual a Docapesca é um membro fundador, é um grande exemplo de como várias actividades se podem juntar na área do porto de pesca. Vai ser uma âncora de desenvolvimento e melhoria do potencial de novas empresas para o negócio do peixe”, garante Carlos Figueiredo, administrador da Docapesca – Portos e Lotas.
Aquele responsável, que falava na sessão de encerramento da conferência internacional “Do Mar à Sociedade”, realizada ontem, dia 25 de Maio, começou por salientar que, “tendo uma posição crítica na nossa comunidade costeira, os portos de pesca portugueses são clusters de uma tradicional indústria do oceano e actividades emergentes que providenciam um potencial para a inovação e desenvolvimento”.
O administrador da Docapesca acrescentou: “vemos os portos de pesca como instrumentos que se relacionam com os lugares e cidades onde estão localizados, pólos de inovação e tecnologia do futuro, auto-sustentáveis e capazes de atrair investimento e capital humano. O nosso objectivo para o futuro é continuar o nosso crescimento e expandir estas actividades, através da criação de hubs e outros portos de pesca. Manter o equilíbrio entre os três pilares da sustentabilidade tem sido uma preocupação da Docapesca nos últimos anos”.
Promovida pelo Instituto Politécnico de Leiria, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e o Ministério do Mar, a conferência internacional foi organizada sob a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, e reuniu diversos especialistas, investigadores e actores da economia azul.
Sustentabilidade
Antes, após a sessão de abertura seguiu-se a realização de dois painéis de discussão online, o primeiro sobre a sustentabilidade apoiada no conhecimento e na importância das redes colaborativas europeias para a bioeconomia azul, onde foi unânime que a corporação é a chave para identificar soluções para os desafios globais.
O debate contou com as intervenções de Fidel Echevarría, coordenador da Universidade Europeia dos Mares (SEA-EU), Nicolas Pade, director executivo do Centro Europeu de Recursos Biológicos Marinhos (EMBRC-ERIC), Matt Frost, presidente da Rede Europeia de Estações Marítimas (MARS); Patrizio Mariani, coordenador da Rede EuroMarine, Ana Rotter, presidente da COST Action Ocean4Biotech, e Miguel Belló, CEO do Atlantic International Research Centre (AIR).
A valorização das identidades costeiras na Europa associadas à sustentabilidade dos recursos e à resiliência social das comunidades piscatórias foi a temática do segundo painel, com destaque para a importância de envolver as comunidades e os stakeholders na protecção dos oceanos.
No painel participaram Han Brezet, da AAU Aalborg University (Dinamarca), Robin Teigland, da Chalmers University (Suécia) e do Peniche Ocean Watch, Francisco Spínola, director-geral da Liga Mundial de Surf (WSL) para a Europa, África e Médio Oriente, Francisco Saraiva Gomes, CEO do Pontos Aqua, António José Correia, do FORUM Oceano – Cluster do Mar Português, Jorge Abrantes, da FLAG OESTE (Portugal), e Susanne Wedin-Schildt, do Ocean Community Challenge.
Peniche a a herança do oceano
Já o vice-presidente da Câmara Municipal de Peniche, Mark Ministro, destacou que o município “está a trabalhar fortemente para garantir uma herança do oceano e criar um legado enquanto destino para um futuro azul e sustentável”.
“Há vários factores que contribuem para esta visão que temos, sobretudo porque somos abençoados pela nossa localização geográfica, rodeada pela natureza. Além disso, na história de Peniche há um antes e depois da ESTM [Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar]. Passaram-se 20 anos desde a criação da Escola e a vida em Peniche mudou significativamente, sendo que continuamos a desenvolver-nos com a presença da ESTM neste território”, realçou Mark Ministro.
“Quem imaginaria que hoje Peniche aspirava ser uma referência internacional em termos de conhecimento sobre o oceano e uma economia azul e sustentável? Isto é algo que seria inimaginável há 20 anos. O Politécnico de Leiria e a ESTM desafiaram a comunidade a seguir em frente e a desenvolver-se. Conhecimento, tecnologia, inovação, economia azul, economia circular e economia sustentável são palavras-chave que hoje estão bem presentes em Peniche”, afirmou o vice-presidente da autarquia.
A encerrar a conferência, Paulo Almeida, director da ESTM, enfatizou a “importância que o conhecimento e a tecnologia assumem na gestão e exploração dos recursos marinhos”. “Sabemos da importância da indústria azul e da inovação, e o poder das parcerias entre ciência e sociedade. Queremos promover a sustentabilidade da relação entre os humanos e o ecossistema marinho, pois é uma responsabilidade que temos para as próximas gerações”, destacou.
“Sabemos o quão importante é a relação entre o desenvolvimento social e a sustentabilidade dos recursos. O Politécnico de Leiria está interessado neste bom uso dos recursos, associado a uma economia azul, e, nesse sentido, começámos a criar um novo mestrado, sobre Economia Azul e Circular, que esperamos poder colocá-lo à disposição da comunidade já no próximo ano”, apontou Paulo Almeida.
Agricultura e Mar Actual