Artigo de opinião de Rosa Moreira, Eng.ª Agrónoma, promotora do site A Cientista Agrícola
Compostagem: um resumo
Nem todos os resíduos que resultam do nosso dia-a-dia, são considerados lixo. Por essa razão, muitos desses resíduos podem ser incorporados directamente na pilha de compostagem.
No entanto, é um erro pensar que todos os resíduos são possíveis de serem transformado em composto, e incorporados na pilha da compostagem.
Os materiais para compostagem podem ter origem em estrumes e efluentes da pecuária, resíduos das culturas agrícolas, matos e resíduos da produção florestal, de parques e jardins, da produção de cogumelos, de mercados hortícolas, resíduos alimentares, resíduos da restauração, pastelaria e panificação, resíduos e lamas de agroindústrias ( ex: lagares de azeite e adegas cooperativas) e do processamento de alimentos (ex: fruta, vegetais, cereais…), resíduos urbanos, resíduos de processamento de madeira, entre outros.
Alguns dos materiais indicados acima, permitem produzir compostos com qualidade suficiente para serem utilizados como fertilizantes para a agricultura, enquanto que outros poderão servir para a produção de compostados destinados exclusivamente para a recuperação de espaços degradados, encerramento de aterros ou, eventualmente, ao solo florestal.
Algumas noções básicas
- Materiais vegetais frescos e verdes: tendem a ser mais ricos em azoto do que os materiais secos e acastanhados.
- O verde resulta da clorofila que tem azoto, enquanto o castanho associa-se ao material lenhoso.
- No que diz respeito às folhas: a sua senescência ( em que se verifica o amarelecimento das folhas devido à degradação da clorofila) está associada à mobilização do azoto das folhas para outras partes da planta.
- As folhas senescentes são muito mais pobres em azoto do que as folhas verdes.
Materiais utilizados para compostagem
Os materiais usados nas pilhas são divididos em duas classes:
-
Materiais ricos em carbono
Entre este tipo de materiais, podemos considerar os materiais lenhosos tais como:
- cascas de árvores;
- aparas de madeira e serrim:
- podas de jardins;
- folhas de árvores;
- palhas e fenos;
- papel;
-
Materiais ricos em azoto
Entre este tipo de materiais incluem-se:
- folhas verdes;
- estrumes de animais;
- urinas;
- restos de hortícolas e frutas;
- erva;
- restos de alimentos;
Outros materiais que pode colocar na pilha de compostagem
- cascas de ovos;
- pão;
- massa;
- aparas de jardim;
- cartão;
Materiais que deve evitar na sua pilha de compostagem
- gorduras;
- lacticínios;
- carne;
- peixe e marisco;
- cinzas em grande quantidade;
Materiais que são proibidos adicionar à pilha de compostagem
- pilhas;
- vidro;
- plástico;
- medicamentos;
- produtos químicos;
- têxteis e tintas;
- excrementos dos animais domésticos;
- restos de plantas doentes;
Pontos principais que deve reter
Os materiais de compostagem a adicionar à pilha não devem ser: vidros, plásticos, tintas, óleos, metais, pedras entre outros materiais dispensáveis.
Deve evitar ao máximo alimentos/resíduos com gordura uma vez que pode proporcionar a libertação de ácidos gordos que causam maus cheiros, retardando o processo de compostagem e prejudicando a qualidade do compostado formado.
Quantos aos ossos, estes só devem ser adicionados se forem moídos previamente devendo também a carne ser evitada numa pilha de compostagem correndo o risco de atrair animais esfomeados ao seu encontro.
Relativamente ao papel, este não deve exceder 10% da pilha de compostagem, devendo o papel encerado e com cor ser evitado ao máximo, por ser mais difícil de decompor e porque pode conter metais pesados.
Dimensão das partículas da pilha de compostagem
A dimensão das partículas dos materiais a serem adicionados à pilha afecta a densidade, porosidade, capacidade de retenção de água e outras características dos compostados, sendo os micro-poros responsáveis pela retenção e disponibilidade de água e os poros de maiores dimensões responsáveis pela capacidade de arejamento do compostado.
É importante também reter que:
- as partículas mais pequenas são decompostas mais rapidamente uma vez que quanto menor for o tamanho das partículas, maior é a superfície específica e mais facilmente ocorre o ataque microbiano aos materiais em decomposição;
- No entanto, quando se tratam de partículas mais pequenas os riscos de compactação e falta de oxigénio são maiores ( caso não exista um arejamento adequado da massa de compostagem).
- Na mistura dos materiais na pilha, é conveniente utilizar uma mistura de materiais ricos em carbono( fornecem a matéria orgânica) com materiais ricos em azoto (aceleram o processo de compostagem).
Agora que já sabe os materiais que pode ou não colocar na sua pilha de compostagem, certamente que o resultado final será espectacular. Não se esqueça de me contar como correu
Agricultura e Mar Actual