O Grupo Parlamentar do Partido Socialista (PS) quer saber se a ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, está “disponível à criação de um aviso piloto, medida específica no âmbito do PEPAC [Plano Estratégico da Política Agrícola Comum], que permita apresentar candidaturas exclusivamente para financiar, em zonas a definir, com critérios bem definidos, a colocação de sistemas anti-granizo nas regiões mais vulneráveis a este fenómeno climatérico, violento e cada vez mais frequente, nomeadamente nas regiões de Viseu, Vila Real, Bragança e Castelo Branco”.
Em pergunta entregue na Assembleia da República, os deputados socialistas explicam que “para combaterem as consequências das quedas de granizo, às produções agrícolas, as Associações de Fruticultores de Armamar e Moimenta da Beira têm agora uma nova arma contra o granizo, que nos últimos anos tem causado elevados estragos nos pomares dos concelhos conhecidos por serem a região da melhor maçã de montanha”.
“Para evitar que o cenário se repita nas próximas colheitas, foram instalados canhões anti-granizo. O projecto orçado em cerca de dois milhões de euros é da responsabilidade da Cooperativa Agrícola e da Associação de Fruticultores de Armamar e da Associação de Fruticultores de Moimenta da Beira que tem mais de 200 associados, que produzem cerca de 80 mil toneladas de maçã num ano”, adiantam.
E realçam que “o canhão anti granizo é um dispositivo que interrompe a formação do granizo, por ondas de choque. Uma mistura explosiva de oxigénio e gás acetileno é inflamado na câmara inferior do aparelho. À medida que a explosão passa através da garganta e para dentro do cone, desenvolve uma onda de choque, que em seguida se desloca à velocidade do som, atingindo rapidamente as camadas mais altas da atmosfera, zona onde se forma o granizo, interrompendo assim a sua formação”.
Canhões já utilizados em França e Espanha
Segundo os deputados socialistas, em França e em Espanha os canhões anti-granizo “já são muito utilizados no mundo agrícola. Em Portugal, segundo a associação de produtores este é o maior projecto do género. Os fruticultores de Armamar e Moimenta da Beira já passaram pelo país vizinho para ver o sistema a trabalhar e só ouviram elogios dos homólogos espanhóis. Segundo os testemunhos dos agricultores congéneres após a instalação dos canhões, o granizo deixou de os incomodar e de lhes causar prejuizões nas suas culturas”.
“Nas zonas abrangidas pelos equipamentos, as culturas não foram destruídas pelo granizo, ao contrário das zonas não protegidas, o que pode ser verificado no terreno e testemunhado pelos agricultores. A prova disso é a intenção de vários agricultores, de várias regiões do País, afectados por este fenómeno, estarem a visitar a região e a manifestar interesse na instalação destes dispositivos nas suas regiões”, frisa o Grupo Parlamentar do PS.
Mas alerta que “para comprar os canhões, as duas organizações de produtores tiveram que recorrer a um empréstimo bancário e cada fruticultor terá que pagar entre 150 a 200 euros por hectare”.
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