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“Dar com uma mão e tirar com a outra”

Artigo de opinião de Patrícia Miranda, deputada PS/Açores na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores

Iniciamos o mês de setembro e tal como diz o ditado “setembro que enche o celeiro, dá triunfo ao fazendeiro”. Assim, os nossos Agricultores começam as suas colheitas, sendo uma delas a colheita do milho.

O milho, devido ao seu valor nutritivo, destaca-se como um dos mais importantes cereais cultivados e consumidos em todo mundo, quer para a alimentação humana, quer para a alimentação animal. Neste caso, está associado quer à produção de silagem a qual é de excelente qualidade, quer à produção de grão, afirmando-se atualmente como uma cultura com enorme potencialidade produtiva.

Na Agricultura Regional, o milho é uma das culturas arvenses mais importantes, sendo a que mais explorações agrícolas envolve, maioritariamente ligadas à produção de leite as quais utilizam as melhores parcelas de terra para o seu cultivo. A cultura do milho, na região, já em 2020 ocupava cerca de 14 mil hectares.

Para além desta cultura se encontrar perfeitamente adaptada às nossas condições climáticas, a introdução de novas variedades melhor adaptadas e mais resistentes, bem como práticas agrícolas mais adequadas têm conduzido a um aumento significativo da produtividade.

Produzir um hectare de milho nos Açores está a custar cerca de 3 mil euros, deste valor às sementes cabe o peso de 10%, ou seja, cerca de 300 euros. Uma exploração de média dimensão, com uma produção de 15 hectares de milho irá ter um custo de 45 mil euros e só em sementes pagará à volta de 4.500 euros

Nos Açores, a preparação do solo, a sementeira, a adubação e o controlo de infestantes do milho iniciam-se a partir da segunda quinzena de abril, quase sempre em solos de pastagem temporária, e por fim, a colheita, que se inicia em setembro.

É uma das culturas com mais custos associados, mais cara e com maiores riscos de sucesso para o agricultor.

Produzir um hectare de milho nos Açores está a custar cerca de 3 mil euros, deste valor às sementes cabe o peso de 10%, ou seja, cerca de 300 euros. Uma exploração de média dimensão, com uma produção de 15 hectares de milho irá ter um custo de 45 mil euros e só em sementes pagará à volta de 4.500 euros.

Numa altura em que os Agricultores Açorianos são confrontados diariamente com mais dificuldades, num momento de incerteza, em que a inflação sobre combustíveis, rações e fertilizantes parece ser galopante, o Governo Regional não se pode demitir da sua responsabilidade de apoiar, efetivamente, este setor.

Anunciar a comparticipação da compra de sementes de milho e de sorgo como prova de “visão de futuro e sustentabilidade”, quando as sementes correspondem a 10% do custo da sementeira.

Anunciar esta medida como forma de mitigar os aumentos com os custos de produção, quando a ração para os animais já sofreu aumentos de mais de 40%, os fertilizantes sofreram aumentos de 130% e o gasóleo agrícola sofreu um aumento de mais de 100% e continua a aumentar.

Anunciar uma medida que só acautela 10% do custo de uma prática agrícola, é mais uma prova que este Governo de direita continua adormecido e incapaz de dar as respostas certas ou de aplicar medidas eficazes.

O que se esperava é que este Governo de coligação, estivesse capaz de devolver, por direito, o dinheiro que arrecadou a mais, a todas as famílias e empresas açorianas, incluindo os Agricultores, que também têm família e também são empresários, através de apoios robustos e eficazes.

Relembro a mais recente subida de 9,1 cêntimos por litro no gasóleo agrícola, numa altura em que a própria Federação Agrícola dos Açores apela à intervenção do executivo regional, a divulgação da comparticipação da compra de sementes de milho e de sorgo, por parte deste Governo é como diz o ditado “dar com uma mão e tirar com a outra”.

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