Artigo de opinião de Rosa Moreira, Eng.ª Agrónoma, promotora do site A Cientista Agrícola
Este artigo foi adaptado da Circular nº 03 de 2019, da Estação de Avisos de Entre Douro e Minho e diz respeito aos cuidados que deve ter com a manutenção e melhoramento do solo. Esta circular, bem como edições anteriores, pode também ser consultada e descarregada em:
1 – www.drapn.pt
Fitossanidade > Avisos Agrícolas > Entre Douro e Minho
estações de avisos > Estação de Avisos de Entre Douro e Minho.
Revestimento do solo e controlo de infestantes em pomares novos
- As infestantes podem atrasar o crescimento das jovens árvores, consumindo os nutrientes disponíveis e a água e por vezes, dificultando a entrada da luz.
- Para limitar a concorrência das ervas infestantes em pomares novos, pode proceder-se, nos dois anos que antecedem a plantação, à sementeira de uma cultura para “adubo verde”,como sorgo forrageiro, tremoço, trevos, etc..
- Estas culturas de pré-plantação aumentam a quantidade de matéria orgânica no solo e “abafam”
grande número de ervas infestantes, sobretudo as que mais necessitam de luz, como a junça ou os quenopódios.
- Deve conservar-se a linha desprovida de ervas e manter uma banda enrelvada nas entrelinhas. Esta banda enrelvada pode ser semeada ou espontânea.
- Se for semeada, deve ser constituída por gramíneas e leguminosas, de preferência com sementes de origem local, bem adaptadas às condições locais.
- Sendo espontânea, basta deixar instalarem-se plantas cujas sementes já existem no terreno e que são aí comuns- trevos, serradela, mentrastos, azevéns, camomila, etc…
- No entanto, um enrelvamento natural pode ser melhorado, introduzindo outras plantas por
sementeira festuca, azevém, trevo, serradela, etc.. - Podemos ainda destacar o trevo morango, que floresce no verão, em altura não coincidente com as
fruteiras e assim não desvia os insectos de as polinizarem. As plantas locais produtoras de pólen, podem favorecer a existência de populações maiores e mais estáveis de insectos auxiliares. - Estes cobertos vegetais devem ser cortados regularmente entre a primavera e o outono, com o cuidado de não ter plantas floridas na altura da floração das árvores, para evitar que os polinizadores se desviem para o coberto do solo, deixando de polinizar as flores das árvores de fruto.
- Também se deve efectuar um corte da vegetação, se esta estiver florida, antes de aplicar tratamentos de insecticidas, de modo a reduzir o risco de matar abelhas e outros auxiliares.
- Os enrelvamentos protegem da erosão, permitem a manutenção dos organismos benéficos
do solo (bactérias fixadoras do azoto, fungos benéficos e outros micro-organismos, minhocas,
insectos auxiliares), melhoram a estrutura do solo.
- A partir do quarto ano de instalação do pomar, poderá fazer-se a cobertura do solo na linha
com fitas e serrim de madeira de coníferas (pinheiro, cedro, cipestre) ou de carvalho, com uma espessura de 10 cm. Estas coberturas impedem o crescimento da maioria das ervas espontâneas e reduzem a lixiviação dos nitratos, melhoram o teor do solo em matéria orgânica e estabilizam o pH, aumentando a qualidade da produção. - No outono, pode ser necessário afastar esta cobertura do tronco, de maneira a manter enxuto o colo das árvores durante o inverno e a diminuir o perigo de ataque de ratos (esta prática
será mais viável em pequenos pomares). - Toda a vegetação usada no revestimento do solo é uma fonte de pólen e néctar, que, além de alimento dos polinizadores, é alimento de substituição das populações de insetos auxiliares durante os períodos em que há menos pragas (afídeos, ácaros, lagartas, etc..).
- É também necessário manter áreas cobertas de vegetação natural em volta do pomar,
bermas de caminhos de acesso, taludes, sebes, muros mais ou menos revestidos de vegetação
diversa, plantada e espontânea. Esta vegetação tem funções diversas: serve de abrigo, local de
alimentação e de reprodução de inúmeros insectos e outros animais auxiliares, incluindo aves, mamíferos,répteis, etc..