O conselho directivo da Comissão de Coordenação e desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR Algarve) adjudicou investimentos de 2,363 milhões de euros nos Pólos de Inovação de Faro (Patacão) e de Tavira, com estimativa de conclusão no final de 2025.
Apresentadas ao ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, e ao secretário de Estado da Agricultura, João Moura, durante a visita que efectuaram aos serviços regionais de agricultura e pescas, estas intervenções contam com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no âmbito da Componente 5 – Capitalização e Inovação Empresarial, integrada na Dimensão Resiliência, da qual faz parte a Agenda de Inovação para a Agricultura, avança uma nota de imprensa da CCDR Algarve.
As candidaturas assentam nas seguintes linhas de acção (LA), consubstanciadas nos objectivos operacionais (OP), respectivos:
• LA1. Infra-estruturas e equipamentos: recuperar e modernizar infra-estruturas e equipamentos na rede de estações experimentais da área da agricultura.
• OP1. Reforçar a capacidade de investigação, inovação, formação, demonstração e transferência de conhecimento e tecnologia.
A aposta na modernização da Rede de Inovação “constitui um dos alicerces do projecto aludido, a qual se pretende seja consubstanciada através da renovação/requalificação das infra-estruturas e equipamentos científicos de laboratórios, estruturas piloto, estações centro experimentais e colecções de variedades regionais”, adianta a mesma nota.
Pólo de Inovação de Tavira
O Pólo da Rede de Inovação de Tavira – Centro de Experimentação Agrária de Tavira (CEAT) inserido numa propriedade com cerca de 27 ha tem prevista a reabilitação do edifício sede da delegação do Sotavento da CCDR Algarve – Agricultura e Pescas.
Este Pólo reúne um vasto acervo de colecções ampelográficas e de fruteiras tradicionais mediterrânicas, algumas únicas no País, que resultam de prospecção realizada na região.
“As variedades tradicionais do Algarve, pela sua origem e natureza enquadradas no conceito de Dieta Mediterrânica, estão particularmente bem-adaptadas às condições edafo-climáticas da região e encerram significativa variabilidade inter e intravarietal, cuja preservação é vital para programas de melhoramento futuros”, frisa a mesma nota.
E salienta que “este germoplasma encontra-se em risco, uma vez que, com a evolução técnica e económica da agricultura, muitas destas variedades deixaram de ser cultivadas e tendem a desaparecer”.
Por outro lado, “estas variedades apresentam, de uma forma geral, melhor qualidade a nível organolético e nutricional, factores cada vez mais valorizados pelos consumidores. Pela sua rusticidade adaptam-se também a sistemas de cultivo menos exigentes em factores de produção e a regiões de baixa densidade, onde normalmente os solos são mais pobres”.
O edifício-sede da delegação do Sotavento da CCDR Algarve – Agricultura e Pescas necessita igualmente de uma intervenção de carácter geral com obras de conservação e melhoramento, considerando a falta de manutenção ao longo dos anos, desde a sua construção, no final dos anos 50.
O edifício que alberga os serviços e laboratórios do Pólo da Rede de Inovação de Tavira, sendo “imperativo melhorar e modernizar as suas condições de utilização e por consequência prestar melhor serviço ao sector agrícola da região”.
O Pólo de Inovação de Tavira é uma infra-estrutura que “reúne condições para se constituir como centro de referência da Dieta Mediterrânica, na área da investigação, inovação, divulgação/promoção e transferência da tecnologia, nos sectores da saúde e bem estar, alimentação sustentável, adaptação às alterações climáticas, literacia, património, cultural e ligação ao turismo, que mobilizará e integrará stakeholders com responsabilidade na dinamização, implementação e execução de actividades de investigação, inovação, formação, demonstração e transferência de conhecimento e tecnologia, reforçando, significativamente, o ecossistema de investigação e inovação agrícola e agroalimentar e das dimensões chave da Dieta Mediterrânica”.
Entre as obras de reabilitação a executar no Pólo de Tavira está a renovação integral da rede de rega. “Pretende-se renovar uma rede de rega instalada em 1989, infra-estrutura fundamental para a realização das actividades de experimentação e demonstração neste Pólo, que beneficia actualmente uma área de cerca de 26 ha, utilizando água fornecida pelo Perímetro de Rega do Sotavento Algarvio, através de um hidrante regulado para fornecer um caudal nominal de 35 m3/hora, embora possa atingir valores próximos de 50 m3/hora, e 3,5 kg/cm2 de pressão”.
A rede foi concebida para distribuir água com origem em dois furos artesianos e de duas noras existentes na exploração, estando actualmente desactivadas, pelo que deverá ser reformulada de acordo com a localização e características da nova origem e modernizada através da substituição integral das suas condutas e diversos órgãos, bastante degradados, nos quais é frequente a ocorrência de roturas nas condutas, com perdas de água e prejuízos para as culturas instaladas.
Serão modernizados os equipamentos a jusante do hidrante do Perímetro de Rega do Sotavento Algarvio, com substituição da estação de filtragem. Terá cinco casas de rega para protecção dos equipamentos de programação das regas e fertirregas e de aplicação dos fertilizantes, com recuperação de duas casas existentes e construção de três novas casas.
Por outro lado, a rede de rega será gerida através de programadores modernos com capacidade para controlar as electroválvulas sectoriais e sondas de humidade no solo e também equipada com equipamentos que permitam a percepção atempada de roturas e outras anomalias, de modo a aumentar a eficiência de distribuição e garantir de forma fiável a água por todo o Centro de Experimentação e ao longo do número de horas necessárias para assegurar a rega de todas as culturas instaladas.
No que concerne à componente agronómica do projecto PRR-C05-i03-P-000037 – Pólo de Inovação de Tavira, a nível de ensaios de campo, estão em curso as seguintes acções:
- Instalação de colecções de novas espécies, nomeadamente pereiras, marmeleiros, damasqueiros e ameixeiras. Estas espécies careciam de prospecções para avaliação diversidade genética do germoplasma regional e consequente selecção e preservação;
- Replantação da colecção de figueiras, composta por 96 acessos, uma vez que as árvores da colecção existente, boa parte delas plantadas nos anos 90 do século passado, apresentam marcados sinais de envelhecimento;
- Instalação de 112 novos clones da emblemática casta algarvia Negra Mole, que irão enriquecer a colecção ampelográfica já existente no Polo de Inovação de Tavira;
- Numa parcela de alfarrobeiras, será instalado um ensaio de consociação com pitaia, espécie com baixo consumo de água, em que se pretende estudar a viabilidade de utilização do tronco das árvores como sistema de suporte.
Pólo de Inovação do Faro
O Pólo de Inovação de Faro, sediado no Patacão, é uma infra-estrutura que “reúne condições para se constituir como referência nacional, para a produção frutícola e hortofrutícola, com particular ênfase nas boas práticas agrícolas ambientalmente sustentáveis, como o Modo de Produção Biológico, na preservação e promoção da biodiversidade, através da colecção de germoplasma de citrinos, na gestão racional dos recursos hídricos, no desenvolvimento e promoção da agricultura social, na área da experimentação, inovação, divulgação/promoção e transferência da tecnologia, a par de outros como a alimentação sustentável, adaptação às alterações climáticas, literacia, património, cultura e ligação ao turismo, reforçando, significativamente, o ecossistema de investigação e inovação agrícola e agroalimentar”.
Para os sectores do agroalimentar algarvio, resulta “fundamental o efeito de alavancagem induzido por uma política consistente de aposta na valorização dos recursos endógenos, de redução do desperdício alimentar nos vários estádios da cadeia de valor, e de promoção dos circuitos curtos, como via para redução da pegada ecológica e melhoria da competitividade através da redução dos custos produção”, acrescenta a CCDR Algarve.
Este Pólo integra a cadeia de valor da fruticultura e dispõe de uma área aproximada de 12 hectares, que integra edificado com várias valências, onde se destaca o edifício sede da CCDR Algarve – Agricultura e Pescas, que reúne os serviços de atendimento, técnicos e administrativos, no âmbito das competências definidas, edifícios que albergavam o antigo centro de formação e serviços técnicos e administrativos, armazéns, hangares, abrigos e outras estruturas de apoio à actividade agrícola.
A actividade do Pólo de Inovação de Faro engloba também a realização de ensaios no âmbito do projecto PRR-02/C05-i03/2021 – “Valorização de recursos genéticos tradicionais, novas culturas e gestão de água de rega em contexto de alterações climáticas”, com candidatura em curso.
No âmbito da agricultura social, a CCDR Algarve disponibiliza, no espaço do Pólo de Inovação de Faro, uma área de cerca de um hectare para culturas hortícolas, em Modo de Produção Biológico, ao Banco Alimentar Contra a Fome do Algarve, cuja produção se destina aos beneficiários desta entidade.
Pretende a CCDR Algarve renovar uma rede de rega instalada em 1990, infra-estrutura fundamental para a realização das actividades de experimentação e demonstração no Pólo de Faro.
A actual rede de rega beneficia uma área de cerca de 12ha, tendo sido concebida para distribuir água proveniente de uma captação subterrânea, com o apoio de 3 reservatórios.
A renovação prevista consistirá, principalmente, na instalação de duas variadores de velocidade que comandarão a bomba submersível que eleva a água da captação subterrânea e a bomba do reservatório existente junto ao furo, sendo desactivadas outras três bombas e também desactivados dois reservatórios. A nova rede de rega terá um menor número de condutas, com uma considerável redução na extensão total, sendo mais funcional e com um reduzido número de equipamentos passíveis de avarias.
Agricultura e Mar