A direcção da CAP — Confederação dos Agricultores de Portugal está alarmada com os efeitos do novo serotipo 3 do vírus da Febre Catarral Ovina, conhecida como doença da Língua Azul, confirmado em Setembro e que está a provocar “uma grave crise sanitária e económica em Portugal”. Por isso, considera ser “urgente uma intervenção rápida com a disponibilização da vacina sem encargos para o produtor”.
A doença, que afecta principalmente os ovinos, “tem levado a um aumento alarmante de mortes e abortos entre os rebanhos, resultando em severas perdas financeiras para os produtores”, realça uma nota de imprensa da CAP, frisando ser “da maior urgência que a tutela intervenha de forma célere, minimizando os custos para os produtores e assegurando a continuidade das explorações e a sua sustentabilidade económica”.
“Até ao momento, o País estava a lidar com os serotipos 1 e 4 do vírus, com declaração e vacinação obrigatória do efectivo ovino reprodutor adulto e dos jovens destinados à reprodução, bem como do efectivo bovino. Contudo, a detecção do serotipo 3, no distrito de Évora a 13 de Setembro de 2024, que rapidamente se espalhou a outros distritos do Alentejo e, actualmente, nos distritos de Santarém e Castelo Branco, trouxe novas preocupações”, salienta a mesma nota.
A 10 de Outubro, adianta, em resposta a este surto, a DGAV — Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária autorizou a utilização provisória da Vacina Syvazul BTV 3 para ovinos e bovinos. No entanto, “esta vacina não está incluída no Programa de Sanidade Animal (PSA), o que representa custos elevados de aquisição e administração, e um desafio adicional para os produtores. Além disso, o processo de disponibilização da vacina também é moroso, o que dificulta uma resposta rápida”, queixa-se a Confederação.
Assim, “tendo em conta a gravidade destas circunstâncias e o impacto devastador da doença nas perdas produtivas e nos custos avultados dos tratamentos veterinários e a aquisição e administração da vacina, é urgente uma intervenção rápida com a disponibilização da vacina sem encargos para o produtor. As taxas de mortalidade e abortos associados a este serotipo são muito elevadas, colocando o sector numa situação sanitária preocupante e ameaçando a sustentabilidade das explorações pecuárias”, refere a mesma nota.
E acrescenta que dados do Sistema de Informação de Resíduos de Animais (SIRCA), de Setembro de 2024, revelam “um aumento de 54% na recolha de animais mortos na região do Baixo Alentejo, em relação ao mesmo período do ano passado, o que representa mais 4.000 animais. Nos últimos dias, o número de animais recolhidos ultrapassou a marca de mil por dia, reflectindo a gravidade da situação”.
“Este serotipo 3 está a dizimar os rebanhos. São enormes os prejuízos imediatos com as mortes e abortos, mas também a dimensão do impacto a longo prazo é preocupante pela impossibilidade de acesso aos prémios dos animais e face à incógnita sobre o encabeçamento mínimo para validar as medidas dos ecorregimes e medidas agroambientais”, refere ainda a CAP garantindo que “está a acompanhar a gravidade do surto e os impactos financeiros crescentes”.