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CAP exige apuramento de responsabilidades nos incêndios rurais. “Estado falhou”

A direcção da CAP — Confederação dos Agricultores de Portugal, reunida ontem, 17 de Outubro, em Lisboa, fez uma primeira avaliação sobre a questão dos recentes incêndios rurais que arrasaram vastas áreas do território, com consequências dramáticas para um elevadíssimo número de agricultores e proprietários rurais, destruindo bens materiais, matando animais e aniquilando meios produtivos e de subsistência, e que se dirigiram à Confederação em estado de “profunda revolta e indignação pela forma como o Governo se demitiu das suas responsabilidades”.

A CAP associa-se ao “luto nacional em que o País mergulhou, lamentando profundamente, e uma vez mais, a inaceitável e incompreensível ausência de capacidade do Estado em proteger os seus cidadãos, elevando a perda de vidas humanas a números que custam a acreditar ser possíveis verificarem-se nos dias de hoje”, refere um comunicado da Confederação.

Decidiu, assim, exigir publicamente o apuramento das responsabilidades do Estado e dos seus representantes, assim como a assumpção de todas as medidas necessárias para que, em definitivo, uma situação como esta não volte a repetir-se.

Estado falhou nas suas obrigações

Para a Confederação, o “Estado falhou gravemente nas suas obrigações quanto à protecção das pessoas, particularmente nas zonas rurais, e deverá assumir a responsabilidade pela perda de vidas humanas, mas também dos meios produtivos nas várias regiões do País, indemnizando de forma justa e coerente os agricultores e os cidadãos em geral afectados por esta situação”.

A direcção da CAP considera tratar-se de uma questão de segurança nacional, que compete ao Estado, e que este, após os acontecimentos de Pedrogão Grande, “não poderia de forma alguma ter deixado que se repetisse”.

No mesmo comunicado, a CAP lamenta ainda que o Orçamento de Estado recentemente apresentado “não contenha medidas específicas que visem infra-estruturar convenientemente o País de meios e tecnologia para fazer face a fenómenos desta natureza, muito relacionados com a seca e as alterações climáticas, numa atitude de alheamento e indiferença perante factos recentes e preocupantes, face ao futuro e à salvaguarda de parte significativa do território e suas populações”.

A direcção da CAP uma vez mais alerta para a necessidade de toda esta temática dever ser “enfrentada de forma profissional, na certeza de que se assim não for viveremos no futuro tragédias semelhantes, inadmissíveis e intoleráveis num país da União Europeia em pleno século XXI”.

“Em ambiente de profunda consternação, a direcção da CAP renova o seu voto de profundo pesar e solidariedade para com as famílias enlutadas, bem como com todo o conjunto de agricultores e demais cidadãos que viram as suas vidas e os seus bens atingidos por tamanha tragédia de nível nacional”, acrescenta o comunicado.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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