Uma saída do Reino Unido da União Europeia sem acordo (‘Hard Brexit’) poderá custar a Portugal 433 milhões de euros em exportações por ano, estima a Euler Hermes, accionista da Cosec – Companhia de Seguro de Créditos, que avalia também as perdas globais da União Europeia em até 33 mil milhões de euros anuais, colocando a Alemanha (8,2 mil milhões), os Países Baixos (4,8 mil milhões), a França (3,6 mil milhões), a Itália (2,6 mil milhões) e a Espanha (2,1 mil milhões) entre os países mais afectados.
Categorias de produto mais afectadas
A Euler Hermes estima que, em Portugal, as três categorias de produto mais afectadas serão os equipamentos de transporte (perdas anuais de 109,2 milhões de euros num cenário de ‘Hard Brexit’), seguidos da maquinaria e equipamento eléctrico (66,4 milhões) e, em terceiro lugar, os materiais têxteis (57,1 milhões).
Num cenário de saída com acordo (‘Soft Brexit’) – que poderá custar a Portugal 218 milhões por ano em exportações –, a componente de equipamento de transporte poderá perder anualmente cerca de 47,3 milhões, a maquinaria e o equipamento eléctrico, 39,9 milhões e os materiais têxteis, 23,1 milhões de euros.
O estudo “A hard Brexit could cost the EU EUR33bn in annual exports”, publicado pela líder mundial em seguro de créditos no final de Outubro, antes das eleições presidenciais dos EUA, que terão claro impacto na política internacional, aponta para o aumento considerável, para 45%, das probabilidades de um Brexit sem acordo no final de 2020.
Nesse cenário (uma saída da União Europeia a 1 de Janeiro de 2021, com um provável regresso às negociações durante o ano, depois das eleições), os economistas estimam que o Reino Unido registe, em 2021, uma contracção de cerca de -5% do PIB, uma diminuição de -13% nas exportações, uma redução do total de investimento superior a -25%, uma desvalorização de cerca de -10% da Libra, e um aumento de 53% nas insolvências de empresas.
Outra das consequências de uma saída sem acordo, estimam os analistas, é um aumento generalizado e significativo do preço dos bens importados (+15%) – e é isso que explica as perdas que se estimam para as exportações da União Europeia.
Num cenário de saída com acordo, ao qual a Euler Hermes atribui uma probabilidade de 55%, as perspectivas económicas são mais animadoras. Se houver um entendimento de última hora, e o Acordo de Comércio Livre for implementado até metade de 2021, o Reino Unido registará, em 2021, um crescimento de 2,5% do PIB, um crescimento de 1,8% nas exportações, uma redução do total de investimento de cerca de -15%, uma desvalorização de -3% da Libra, e um aumento de 31% nas insolvências de empresas.
Os economistas estimam que um Acordo de Comércio Livre entre o Reino Unido e a União Europeia seja assinado até meados de Novembro. No entanto, não excluem a possibilidade de ser estabelecido um período de transição mais longo para acautelar tempo suficiente para uma ratificação completa, o que poderá levar a que um acordo seja implementado em meados de 2021.
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