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Barómetro Galucho: 51% dos empresários preocupados com sector do transporte rodoviário

Existe uma clara divisão relativamente à perspectiva dos empresários do sector do transporte rodoviário de mercadorias para os próximos três anos. Esta é uma das conclusões do Barómetro Galucho: Transporte Rodoviário de Mercadorias 2017. E 22% dos empresários prevê vir a diminuir o nível de investimentos.

Aparentemente a dinâmica do sector de transporte de carga rodoviária é distinta para diferentes regiões do País. Distritos como Lisboa e Porto apresentam uma dinâmica mais positiva que todos os outros distritos do País. “É provável que o turismo esteja a servir de motor para as economias destes dois distritos”, realçam as conclusões do barómetro.

De salientar que os funcionários, em proporção, têm maiores habilitações literárias que os proprietários e gerentes das empresas, sendo os participantes com maiores níveis educacionais os que têm uma perspectiva mais positiva para o sector. “Um maior nível de habilitações literárias dos funcionários poderá estar relacionado como uma maior sofisticação do sector e do aumento da oferta de uma população mais educada. Assim, a modernização do sector e sua concorrência está provavelmente a exigir maiores qualificações e são provavelmente um indicador de sucesso das empresas. Porém o retorno dos funcionários aparentemente não está ao nível do desejável e consequentemente existe uma avaliação negativa do sector enquanto futuro profissional promissor”, acrescenta o documento de análise da Galucho.

A Galucho, empresa de maquinaria agrícola e equipamentos de transportes, desenvolveu o barómetro em conjunto com a revista Transportes em Revista e com o suporte da ANTRAM – Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias, um barómetro para o sector de transportes mais especificamente o do transporte rodoviário de mercadorias. O estudo tem como objectivo avaliar o sentimento do sector junto dos seus intervenientes activos.

Pouco menos de metade da amostra (49%) tem uma visão positiva do sector para os próximos 3 anos. Dos quais apenas 1% têm uma muito boa perspectiva e 48% uma boa perspectiva para o sector. Por outro lado, 7% da amostra tem uma perspectiva muito negativa e 44% negativa. Assim, 51% dos participantes tem uma visão negativa para o sector do transporte rodoviário para os próximos 3 anos.

Quando se analisa os dados por segmentos pode-se concluir que existem variáveis sócio-demográficas que impactam as expectativas do sector para os próximos 3 anos, refere a análise. “Existe curiosamente uma diferença entre homens de mulheres. As mulheres têm um sentimento mais positivo relativamente ao sector. De facto 53% das mulheres afirmam ter uma perspectiva boa e muito boa do sector comparativamente a 42% dos homens que afirmam ter uma perspectiva boa ou muito boa para o sector”, refere o documento.

A idade é aparentemente uma outra variável sócio-demográfica com impacto na avaliação das expectativas, sendo que os mais novos têm uma perspectiva mais positiva comparativamente aos segmentos mais velhos. Até aos 34 anos a maioria dos participantes têm uma perspectiva positiva porém, à medida que a idade aumenta o sentimento torna-se mais negativo. A inflexão nas perspectivas surge com o segmento 35-54 anos, do qual 52% tem uma expectativa negativa, em oposição a 48% do segmento que tem uma perspectiva positiva.

Uma outra variável sócio-demográfica que tem um impacto nas expectativas são os níveis educacionais. Os participantes com habilitações literários ao nível do universitário têm uma perspectiva mais positiva do que os participantes sem licenciatura ou mestrado. Os participantes com mestrado são o que melhor perspectiva têm para o sector para os próximos 3 anos.

A perspectiva para os próximos 3 anos varia também quando a avaliação é feita por funcionários das empresas ou por proprietários ou gerentes das empresas. A maior parte dos proprietários ou gerentes de empresas, 58%, tem uma perspectiva negativa o sector. Inversamente a maior parte dos funcionários das empresas de transportes, 61%, têm uma perspectiva positiva.

Os participantes do estudo foram aqueles que que têm um interesse directo na área de transportes de mercadorias e que constam da base de dados da Transportes em Revista e da ANTRAM. Foram enviados e-mails com o inquérito para as bases de dados da ANTRAM e da Transporte em Revista. De um universo de 15.000 participantes obtiveram-se 176 respostas válidas.

Para realizar o barómetro foram utilizadas três questões para avaliar o sentimento dos participantes relativamente ao sector de transportes de mercadorias. Perguntou-se aos participantes do estudo se têm uma “muito boa”, “boa”, “má” ou “muito má” perspectiva relativamente ao sector de transportes de mercadorias rodoviário para os próximos 3 anos; perguntou-se, apenas aos investidores activos do sector dos transportes de mercadorias rodoviário, quais os seus planos de investimento para o próximo ano: aumento, manutenção ou redução de investimento; e se recomendam o transporte rodoviário de mercadorias enquanto actividade profissional atractiva e de futuro.

Esta última questão foi baseada na metodologia Net Promoter Score (NPS). O inquirido dispõe de uma escala de 0 a 10. Se responder com 10 ou 9 é classificado como promotor, 8 ou 7 é neutro/passivo. De 6 até zero é classificado como detractor. Alcança-se o valor de NPS subtraindo os detractores aos promotores.

Níveis de Investimento

Relativamente ao plano de investimento, segundo o Barómetro Galucho a maior parte dos participantes (63%) planeia manter os seus níveis de investimentos. Contudo, existem mais participantes a afirmarem que irão diminuir o seu nível de investimentos do que aqueles que planeiam aumentá-los, 22% afirma que irá diminuir enquanto 14% afirmam que irão aumentar os seus investimentos.

Quando se avalia o plano de investimento em função de habilitações literárias conclui-se que os participantes com licenciatura ou mestrado são os que estão mais propensos para investir, 19% afirmam que irão aumentar os seus investimentos em contraste com 11% para os participantes sem habilitações literárias ao nível do ensino superior. Estes resultados estão em linha com as expectativas para os próximos 3 anos, a maioria dos indivíduos com habilitações literárias ao nível do superior têm perspectivas positiva para os próximos 3 anos.

O Plano de Investimento dos gerentes ou proprietários das empresas de transportes são mais conservadores do que os funcionários das empresas de transportes. Os funcionários incluídos nesta análise têm responsabilidades ao nível de decisões de investimentos.

Quando se cruza a localização dos participantes e os Planos de Investimentos conclui-se que os participantes dos distritos do Porto e de Lisboa estão mais propensos ao investimento quando se comparando com os outros distritos em Portugal, quer do litoral quer do interior. Os participantes do distrito de Lisboa são os que planeiam aumentar mais os seus investimentos.

NPS

O indicador com a pior performance é o que avalia a recomendação da actividade na área de transporte rodoviário enquanto profissão, um parâmetro avaliado através da metodologia Net Promoter Score (NPS). De acordo com os resultados, 77% dos inquiridos são detractores, ou seja, apresentam reservas na altura de recomendar um futuro profissional ligado ao sector de transporte rodoviário. Apenas 3% recomendaria uma profissão na área do transporte rodoviário com algo desejável e atraente. Assim, o valor do NPS é de -74. Este é um dado preocupante que sugere a necessidade de uma aposta na promoção do sector do transporte rodoviário como opção de carreira de futuro.

É de salientar que existem diferenças consideráveis no NPS quando se compara a amostra em função do género. Os homens são bastante mais negativos do que as mulheres.

Apesar dos proprietários serem os que têm uma expectativa mais negativa aparentemente são também os que confiam mais na actividade enquanto uma área de futuro. Os funcionários têm uma perspectiva do sector mais negativo. Aparentemente há uma contradição, porém pode-se interpretar os dados numa perspectiva de retorno pessoal. Os funcionários apesar de serem mais positivos nas expectativas futuras e consequentemente nos níveis de investimento, não acreditam retirar um maior retorno.

Contrariamente, apesar dos gerentes e proprietários serem mais pessimistas provavelmente acreditam que terão um retorno satisfatório. Contudo há que salientar que o NPS tem valores muito baixos para ambos os grupos.

A localização geográfica dos participantes do estudo, uma vez mais, tem impacto na avaliação do sector enquanto actividade profissional com futuro. São os participantes sediados nos distritos de Lisboa e Porto os que mais recomendam uma profissão na área de transportes rodoviários. Claramente os indivíduos residentes nos distritos do interior e litoral são os mais pessimistas relativamente ao sector. Estes resultados são coerente com as expectativas mais positivas e com o plano de investimentos mais agressivo dos participantes dos distritos de Lisboa e Porto.

Características da amostra

Do total da amostra, 82% dos participantes do estudo são investidores activos do sector dos transportes de mercadorias rodoviário. A amostra é composta maioritariamente por proprietários e gerentes de empresas, representando 75% da amostra. Funcionários de empresas de transporte rodoviários representam 19% da amostra os restantes 6% são compostos por fabricantes, concessionários, funcionários públicos e professores.

A amostra é composta por residentes de todos os distritos de Portugal continental. De forma a poder fazer análises mais detalhadas agrupou-se os residentes dos distritos do interior e os residentes dos distritos do litoral. Assim a amostra ficou dividida em participantes residentes nos distritos do Porto e Lisboa e região Litoral e Interior.

Os homens estão em maioria no estudo e representam 75% da amostra, as mulheres representam 25%. Relativamente a idades 66% da amostra tem entre 35 e 54 anos.

Relativamente ao nível das habilitações literárias, 54% da amostra não tem formação ao nível do ensino superior em comparação com 46% do restante da amostra que tem habilitações literárias ao nível do ensino superior. É de assinalar que 9% do total da amostra tem mestrado ou doutoramento.

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