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Aprolep entrega ao Ministério da Agricultura propostas para vencer a crise do leite

A direcção da Aprolep — Associação dos Produtores de Leite de Portugal, foi hoje, 11 de Abril, recebida em audiência pelo secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Vieira, em substituição do ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, que se encontra em convalescença da intervenção cirúrgica a que foi submetido.

A Aprolep considera que a crise “profunda e persistente” só poderá ser ultrapassada se todo o sector leiteiro, produção indústria e distribuição, for capaz de se unir para definir uma estratégia conjunta para o futuro sustentável da produção de leite em Portugal, que passe pela transformação, valorização do leite, aproveitamento das oportunidades de exportação e partilha do valor com o produtor, “através de um preço justo e conta com o empenho do Governo e de todas as forças políticas para atingir estes objectivos”.

A associação realça ainda “a persistência dos ataques ao leite enquanto alimento, sem base científica mas com um activismo permanente na comunicação social e redes sociais que influenciam os cidadãos menos informados”.

A Aprolep solicitou esta audiência em Março de 2019, após o anúncio da descida de mais um cêntimo por litro de leite pelas principais cooperativas e outros compradores. Esta descida ocorreu “apesar de vários alertas lançados no início do ano pela Aprolep sobre a necessidade de aumentar o preço do leite ao produtor”, refere um comunicado da associação.

Preço médio de 31,8 cêntimos por kg de leite

Os produtores de leite portugueses terminaram 2018 com um preço médio de 31,8 cêntimos por kg de leite, cerca de 4 cêntimos abaixo da média comunitária.

A Aprolep estima que o custo médio da produção de leite se situe acima de 37 cêntimos por kg. “As ajudas que os agricultores recebem da PAC não compensam essa diferença, tem vindo a ser reduzidas e as perspectivas após 2020 são negativas”, diz ainda o mesmo comunicado.

Preço abaixo da média comunitária há 10 anos

Nos últimos 10 anos, o preço médio do leite em Portugal esteve quase sempre abaixo da média comunitária, o que significou para os produtores portugueses “um prejuízo de 421 milhões de euros face ao valor que teriam recebido se Portugal acompanhasse essa média, segundo as primeiras conclusões divulgadas ontem pelo grupo de trabalho para o sector leiteiro da Assembleia da República, de que aguardamos o documento final”, frisam aqueles produtores.

Para a associação, a evolução do preço do leite “é muito preocupante porque ocorre apesar dos sinais positivos do mercado lácteo europeu, do fim dos stocks de leite em pó armazenado e depois da implementação da rotulagem da origem do leite em 2018 e da redução da recolha de leite imposta também em 2018 pela principal indústria, a Lactogal, em cerca de 60 milhões de litros aos seus produtores”.

Promoções que desvalorizam o leite

“Preocupam-nos as promoções que desvalorizam o leite e seus derivados de uma forma permanente, tanto com o leite dos Açores como de Portugal continental, que devia ser alvo de maior valorização e transformação para substituir as importações de produtos lácteos como queijos e iogurtes. Preocupam-nos especialmente a importação de queijo servido fatiado na hotelaria e restauração sem qualquer percepção da origem por parte dos consumidores”, realça a direcção da Aprolep.

Sobretudo, a associação está preocupada com a “ausência de dinâmica e estratégia que nos permita ter esperança no futuro do sector. Vemos por parte da distribuição e da indústria uma atitude de navegação à vista e resolução dos próprios problemas, sem qualquer preocupação com os produtores. Vemos o número de produtores a cair vertiginosamente ano após ano, sobretudo no continente”.

Número de produtores em queda

Em 2004 existiam 12.000 produtores no continente e 4.000 nos Açores. Em Fevereiro de 2019 restavam 2.063 no continente, 2.364 nos Açores e 22 na Madeira, para um total de 4.449.

A associação realça ainda “a persistência dos ataques ao leite enquanto alimento, sem base científica mas com um activismo permanente na comunicação social e redes sociais que influenciam os cidadãos menos informados”.

 

 
       
   
 

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