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Apicultores querem aumento de 48% dos apoios da PAC e protecção do mel português

A Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP) defende um aumento dos apoios da Política Agrícola Comum (PAC) aos apicultores europeus em quase 48%. Esta é uma das principais reivindicações surgidas no âmbito do XVIII Fórum Nacional de Apicultura, realizado a 9 de Setembro, em Vila Pouca de Aguiar. Foram ainda apresentadas diversas propostas com vista a aumentar a competitividade do sector apícola nacional e europeu.

“O orçamento da UE para os programas nacionais de apicultura deve ser aumentado em 47,8%, em consonância com o aumento do efectivo apícola, e a PAC pós-2020 deve incluir obrigatoriamente um regime de apoio directo aos apicultores, baseado no número de colmeias”, afirmou João Casaca, técnico da FNAP.

Os apicultores europeus recebem apenas 3 milésimos do orçamento da PAC, ou seja, 36 milhões de euros (Portugal recebe 1,1 milhões de euros), verba que não é actualizada desde 2014.

Entre 2011 e 2014 o efectivo apícola da UE aumentou 47,8%, mas o valor de financiamento da UE subiu apenas 12%. A produção de mel na UE é estimada em 243.000 toneladas e o consumo em 403.000 toneladas, o que deixa espaço para grande volume de importações. A China é o principal fornecedor de mel à Europa (100.000 toneladas em 2015), exportando mel a preços muito inferiores aos praticados pelos produtores europeus, o que fez com que o preço do mel descesse para metade em 2016, comparativamente com 2014.

20% do mel é adulterado

A qualidade do mel é outra das preocupações da FNAP, que reclama a adopção de procedimentos de análise laboratorial eficazes para detectar situações de adulterações, que são cada vez mais sofisticadas. Em 2015, a Comissão Europeia ordenou testes centralizados ao mel nos Estados-membros e concluiu que 20% das amostras eram de mel adulterado. Neste contexto, a FNAP exige que as regras e o controlo actuais sejam estendidos aos exportadores e embaladores de mel de países terceiros e recomenda a obrigatoriedade da indicação do local de origem do mel. “As menções ‘misturas de méis’ ocultam totalmente ao consumidor a origem do mel que consomem”, explica a FNAP.

Quanto à diversificação e inovação na produção apícola, a FNAP refere que em Portugal atingiu-se em 2016 um número recorde de 700.000 colmeias e que os apicultores portugueses são cada vez mais profissionais. No entanto, devido às flutuações do preço do mel no mercado global e à instabilidade da produção, directamente dependente das condições climáticas de cada ano, é necessário diversificar a produção, apostando em novos produtos além do mel.

A FNAP, em parceria com a Escola Agrária de Bragança, iniciou este ano o projecto “DivinaDiversificação e Inovação na Produção Apícola”, que visa incentivar os apicultores a produzir pólen, própolis, pão-de-abelha e apitoxina (vulgo veneno de abelha), com vista a aumentar a rentabilidade e garantir a sustentabilidade das explorações apícolas. O projecto, que decorre até 2021, inclui 4 fases de execução: instalação de 3 apiários experimentais em Bragança, Vila Real e Lisboa; instalação de 6 apiários de aplicação; desenvolvimento tecnológico dos processos produtivos daqueles produtos da colmeia e elaboração de manuais técnicos e normas de qualidade para regulamentar a produção.

A própolis, por exemplo, é um produto da colmeia com elevado poder anti-oxidante e anti-microbiano que tem diversas aplicações. O seu preço pode atingir 80€/kg. Uma das possíveis utilizações é o uso em recobrimentos comestíveis de frutas.

Inovação

Durante o Fórum foi apresentado o projecto Re-Pear, que testou recobrimentos contendo própolis em pêras Conference e Blanquilha, com resultados positivos na preservação da qualidade da fruta durante a fase de armazenamento.

A inovação tecnológica na gestão da exploração apícola também foi abordada no Fórum, destacando-se o projecto Smart Beekiping. Investigadores do Instituto Politécnico do Cávado e Ave, em parceria com a FNAP e associações de apicultores locais, estão a desenvolver uma plataforma inteligente integrada – sBee – para controlo da actividade apícola. Esta ferramenta, baseada em sensores integrados nas colmeias e nos fatos dos apicultores, deverá permitir o registo automático das colmeias, autenticação de apicultores, registo e controlo in loco das operações de campo, entre outros.

Recorde-se que a apicultura é fonte de rendimentos primários ou suplementares para mais de meio milhão de cidadãos europeus e que o valor do sector apícola ultrapassa em muito o valor das suas produções, representando cerca de 14,2 mil milhões de euros, já que 74% da produção alimentar depende da polinização das abelhas, que também contribui para a manutenção do equilíbrio ecológico e diversidade biológica.

O XVIII Fórum Nacional de Apicultura foi co-organizado pela FNAP e as suas associadas Aguiar Floresta, Capolib e Montimel, e teve a participação de cerca de duas centenas de apicultores.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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