O presidente do Partido Aliança Madeira, Joaquim José Sousa, diz que o “monopólio da Gesba na comercialização da banana impede expansão do produto no continente e no Mundo”. E defende também um maior peso na negociação dos fundos comunitários de apoio à agricultura. Duas das apostas do novo partido para as eleições regionais madeirenses que se realizam a 22 de Setembro.
“A gestão da Gesba – Empresa de Gestão do Sector da Banana é polémica. A resolução do problema do sector da banana é difícil. Tem havido apoios estruturantes para o sector. Mas, embora possamos entender que o monopólio da Gesba na comercialização da banana garante ao produtor uma renda, acaba por lhe tirar uma possibilidade de no mercado aberto desenvolver o seu produto.”, diz Joaquim José Sousa em declarações ao agriculturaemar.com.
Para o candidato da Aliança, “Há um monopólio na Gesba da comercialização, aos apoios. Todos os produtores são obrigados a vender a banana à Gesba e esta decide por si o que é melhor e até do preço do produto”. E salienta que “A Gesba garante escoar o produto, apesar do controlo, mas impede o produtor de ser mais activo na promoção do seu produto”.
Fundos comunitários
Ainda na área da agricultura,o presidente do Partido Aliança Madeira diz haver “uma questão fundamental na agricultura que é a dos fundos comunitários. Temos de ser mais pro-activos nos apoios da União Europeia.
Não podemos ter um aproveitamento tão baixo e temos de encontrar redes de distribuição do “produto Madeira”, um produto de excelência”.
“Temos de extrair desta ideia, do monopólio da Gesba, que temos de um produto bom e que não precisamos de o promover”, realça Joaquim José Sousa. Isto porque, garante, “Temos de extrair desta ideia, do monopólio da Gesba, que temos de um produto bom e que não precisamos de o promover. Ao nível da banana, no continente não se conhece a banana prata, maçã e maracujá. Três variedades de banana”.
Aquele responsável defende ainda que a Região Autónoma da Madeira tem de se “especializar e, para além disso, temos de promover o produto de modo que tenha o seu reconhecimento no continente e no Mundo”.
Três perguntas a Joaquim José Sousa
Tudo indica, nas sondagens, que o PSD vai perder a maioria absoluta que sempre teve na Madeira. O Aliança está pronto para apoiar um governo de Miguel Albuquerque?
O Aliança está sempre disposto a falar com toda a gente, tem por base o seu programa de governo. Mas há premissas fundamentais nos objectivos do partido. No caso dos eleitores assim o entenderem, estamos dispostos a participar numa solução, não obrigatoriamente numa coligação.
Somos patriotas, colocaremos sempre os interesses de Portugal e dos portugueses à frente de tudo, mas temos um compromisso que é o nosso programa eleitoral. E não estamos dispostos a ser apenas um número numa coligação aritmética.
O que pretende mudar na gestão da Gesba?
Temos de promover o produto de modo que tenha o seu reconhecimento no continente e no Mundo. Importa criar condições mais justas para quem trabalha a terra, nomeadamente, quem produz banana da Madeira e pretenda criar condições para exportar para novos mercados.
A banana da Madeira representa um dos produtos com maior relevância na produção agrícola da Madeira e é uma actividade que emprega muitos agricultores, constituindo uma fonte de rendimento para muitas famílias madeirenses.
A facturação anual da Gesba e o que esta paga aos agricultores deixa-nos a ideia que o agricultor não é aquele que realmente é o grande beneficiário do seu trabalho, o que nos leva a questionar sobre a boa gestão da Gesba. Afinal quem produz a banana são os agricultores.
Está a falar do preço pago pela banana?
Sim. Existe uma grande diferença entre o preço pago pelo importador e aquilo que o agricultor recebe, assim como para além do valor pago pelos importadores existe também o valor pago pela União Europeia. Parece-nos que a diferença de valores de facturação da cooperativa e o pagamento aos produtores exige esclarecimento. Não compreendemos que exista uma empresa pública que tenha o monopólio da comercialização da banana. Porque é que não existe um mercado livre?
Mas há muitos outros sectores em o eleitorado quer saber quais são as propostas do Aliança Madeira. Por exemplo, na economia do mar, o que defende?
Estamos rodeados de água, mas a verdade é que temos muito a fazer no que diz respeito à inovação e cultura do mar. Há que apostar na exploração dos recursos marinhos existentes, no pleno respeito pelo ambiente e apostar nas novas tecnologias e nas sinergias entre Universidade/Centros de Investigação e Estado. Por outro lado, defendemos o respeito pelas tradições seculares.
Nota: O autor deste artigo entrevistou também o líder do Aliança Madeira para o Insular de Notícias, a qual pode ler aqui.
Agricultura e Mar Actual