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AJAP: sector leiteiro deve “investir mais na produção de derivados do leite”

O jovem produtor de leite e membro da direcção da AJAP – Associação dos Jovens Agricultores de Portugal, André Silva, considera ser “importante manter pelo menos o preço actual” do leite, pois “numa situação de descida abaixo do limiar actual, poderão estar em causa muitas explorações”.

Nessa perspectiva o jovem agricultor concorda com o apelo da Aprolep — Associação dos Produtores de Leite de Portugal, no sentido de conferir maior estabilidade aos produtores de leite, através de contratos de longa duração na recolha. É ainda de opinião que “as organizações do sector e a indústria deviam investir mais na produção de derivados do leite”, considerando que Portugal é importador destes produtos. “Isto poderia exercer um ‘efeito tampão’ em relação aos preços praticados aos produtores”.

Refira-se que, em nota de imprensa, a AJAP manifesta o seu apoio às recentes preocupações anunciadas pela Aprolep, que apelou na semana passada aos responsáveis políticos, do sector cooperativo, da distribuição e indústria de lacticínios que garantam uma maior estabilidade para os produtores de leite, através de contratos de longa duração. O apelo foi feito após a associação ter tido conhecimento de que “pelo menos 14 produtores de leite, entre os que fornecem actualmente a marca Pingo Doce, através da empresa Terra Alegre, foram surpreendidos com a informação que serão dispensados e terão de procurar novo comprador de leite a partir de Janeiro de 2025″.

Para a AJAP, “o sector do leite é estratégico para o País, temos qualidade, tecnologia, excelente genética, e inovação, com muitas das operações de gestão e controlo a fazerem-se digitalmente. Estamos assim ao nível do melhor que se faz na Europa e no Mundo”. Contudo, “este sector não dá descanso aos seus produtores, dependentes de quem lhes compra o seu produto”.

“Apesar de a nível cooperativo estarmos extremamente bem organizados, o problema com o preço do leite pago ao produtor, e os preços dos alimentos compostos e de outros factores de produção, são extremamente delicados. Sabemos que o mercado da recolha de leite tem menos procura, e nesta fase existe excedente de leite no mercado. Mas uma coisa é certa, enquanto a rentabilidade do produtor não estabilizar e não se valorizar a produção, este sector continuará a ser cada vez menos atractivo para jovens agricultores, e actividade que não rejuvenesce “morre””, frisa a mesma nota.

E realça que o preço do leite pago ao produtor ronda, actualmente, os 45 cêntimos/litro. O preço tem vindo a descer neste último ano, por excesso de leite no mercado (o ano passado alcançou os 59 cêntimos/litro, e tem descido gradualmente até ao momento). “Em relação aos custos de produção, estão estabilizados. Contudo, o que pesa mais são as matérias-primas utilizadas na alimentação dos animais, realçando-se os valores dos alimentos compostos, vulgarmente designados como rações, mas também da energia (sobretudo combustíveis e electricidade)”.

Renovação geracional

Adianta a mesma nota que, Jaime Carneiro, técnico da AJAP, e “profundo conhecedor da realidade, assegura que é essencial a renovação geracional no sector do leite (um dos que tem mais dificuldades em rejuvenescer, porque uma exploração agrícola que venha a fechar, já não abre mais). Defende que sem incentivos é completamente impossível, e recorda que essas ajudas estão bloqueadas há um ano”.

Além disso, “o que está desenhado nas medidas ao investimento do PEPAC [Plano Estratégico da Política Agrícola Comum] também não é nada animador, nomeadamente para o sector do leite”. “O limite máximo do investimento apoiado será 500 mil euros, com taxas degressivas de apoio. Sabemos que 500 mil euros para montar uma exploração de leite é um valor muito baixo, porque os custos de investimento são muito elevados. Por outro lado, não podemos esquecer que o plafonamento das taxas de apoio onde o máximo apoio para um Jovem Agricultor está limitado. Assim sendo, numa situação de investimento de 500 mil euros apenas garante um apoio máximo de 208 mil euros a fundo perdido. Falamos de uma taxa de 40%, que é muito baixa”, afirma Jaime Carneiro.

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