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Agricultores alentejanos alertam ministro: número de rebanhos notificados com Língua Azul está muito longe da realidade

A FAABA — Federação dos Agricultores do Baixo Alentejo enviou uma carta ao ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, manifestando a sua “séria preocupação sobre os elevados prejuízos que o sector pecuário do Alentejo está a sofrer em resultado da progressão acelerada de um novo serotipo do vírus da Febre Catarral Ovina, o Serotipo 3 — também conhecida como Língua Azul”. E alerta o ministro para o facto de ser “notória uma clara subnotificação da doença, constatando-se que o número real de rebanhos afectados está muito longe de corresponder ao número de casos comunicados aos Serviços Veterinários Oficiais”.

“Este vírus afecta essencialmente ovinos, embora também possa causar problemas aos bovinos e aos caprinos. Esta é uma doença transmitida por insectos, que se suspeita terem vindo do Norte de África arrastados pelo vento, trazendo consigo esta nova estirpe da Língua Azul que, por força das alterações climáticas, encontra condições para estabelecer-se na Europa e expandir-se cada vez mais para Norte”, refere uma nota de imprensa da Federação.

A FAABA atesta que “os primeiros focos conhecidos desta variante surgiram com grande intensidade no Alentejo Central e rapidamente se alastraram aos territórios vizinhos. Actualmente, praticamente todo o Alentejo está confrontado com este problema”.

“É uma doença de declaração obrigatória que, quando confirmada na exploração, implica um impedimento da movimentação animal durante 60 dias, o que se revela muito penalizador do ponto de vista económico. Provavelmente por esta razão, é notória uma clara subnotificação da doença, constatando-se que o número real de rebanhos afectados está muito longe de corresponder ao número de casos comunicados aos Serviços Veterinários Oficiais. As organizações de produtores constatam que a situação é, na realidade, muito grave”, frisa a mesma nota.

A Federação dos Agricultores do Alentejo salienta ainda que “os prejuízos causados à produção são muito consideráveis e decorrem da significativa mortalidade de ovinos, cuja taxa aumentou mais de 50% face a período homólogo do ano passado, mas também do número elevado de animais doentes que deixam de produzir, dos abortos e dos custos elevados com os tratamentos médico-veterinários que têm que ser administrados a estes animais”.

Vacina disponibilizada é muito cara

Acresce a esta situação, “já de si muito penalizadora, que a vacina recentemente disponibilizada é muito cara e os custos de aquisição e de aplicação estão a ser suportados integralmente pelos produtores, ao contrário do que acontece em outros países comunitários, como por exemplo em França e em Espanha, onde o Estado suporta na íntegra a aquisição da referida vacina”.

Os responsáveis da FAABA escreveram a José Manuel Fernandes, titular da pasta da Agricultura, porque “constatam, com apreensão”, que “em Portugal e apesar da gravidade da situação, o Governo não manifestou, até ao momento, qualquer intenção de apoiar a produção a suportar estes prejuízos e custos acrescidos”.

E acrescentam em forma de apelo público que “tendo em conta a relevância da ovinicultura na estruturação e na economia dos territórios, nomeadamente nas zonas do interior, mais frágeis do ponto de vista social e económico, e o potencial destrutivo desta nova crise sanitária, parece-nos de elementar justiça, esperar, com brevidade, por parte da nossa Administração, igual tratamento ao dos nossos colegas espanhóis e franceses”.

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