A Acréscimo – Associação de Promoção ao Investimento Florestal coloca a certificação da gestão florestal em causa e questiona se não será uma “certificação de corte”. Aquela associação realça mesmo o facto de o PEFC – Programme for the Endorsement of Forest Certification, em França, ter estado envolvido na “emissão de certificados para suiniculturas, supermercados, discotecas e, mesmo, para reactores em centrais nucleares” (reportagem francesa aqui). Em Portugal a Acréscimo tinha já denunciado casos de deposição de resíduos industriais em áreas florestais certificadas.
Em Portugal actuam dois sistemas que asseguram comprovar a gestão sustentável nas explorações florestais, o FSC e o PEFC, este último líder a nível mundial, isto através de auditorias e pela emissão de certificados.
Em comunicado, a Acréscimo adianta que, no processo de certificação em floresta, do “ponto de vista teórico, nada impede que, numa exploração a corte, por exemplo numa plantação de eucaliptos entre o 10.º e o 12.º ano, se opte pela certificação em final de vida do arvoredo para, assim, se beneficiar do acréscimo em preço de um bem com certificado”. Isto apesar de no período de tempo que “deu origem ao seu crescimento e desenvolvimento não se tenham adoptado boas praticas silvícolas”.
E questiona: “qual o número de auditorias de acompanhamento que são necessárias para certificar uma plantação de eucaliptos antes de um corte? Ou, ainda de outro modo: na certificação de um povoamento a corte imediato, que garantias são exigidas para que futuramente, numa nova rotação ou rearborização, este será sujeito a uma gestão florestal sustentável? Não é possível que um certificado emitido prévio a um corte seja depois perdido, iniciando-se novo processo de obtenção de um novo certificado, novamente em momento prévio a um corte posterior?”.
Apoios públicos à certificação
A Acréscimo refere que, tendo passado, em Portugal, tais sistemas “a beneficiar de apoio público (ou seja, para além de serem financiados, voluntariamente, pelos consumidores, passaram a ser financiados pelos contribuintes nacionais e europeus, neste caso, mesmo que involuntariamente), quais os mecanismos que o Estado dispõe de acompanhamento a estes sistemas? Este é um aspecto desconhecido”.
A Acréscimo – Associação de Promoção ao Investimento Florestal é uma organização cívica, sem fins lucrativas, não confessional, nem sectorial, mas com enfoque nas florestas, que tem por objecto a promoção de negócios associados às actividades florestais, que sejam economicamente sustentados, ambientalmente sustentáveis e socialmente responsáveis, ou seja, que se enquadrem nos princípios da Economia Verde, num contexto de Desenvolvimento Sustentável.
Agricultura e Mar Actual