Os futuros do café Arábica estão nesta altura junto aos 310 dólares por saca, num contexto de receios de uma escassez da oferta mundial e da ameaça de tarifas sobre as importações para os Estados Unidos da América. Este ano os preços já subiram mais de 70% chegaram a atingir os 333$ por saca, levando os preços para o nível mais alto desde 1977. É provável que a produção brasileira de Arábica diminua na próxima época, reduzindo a oferta mundial, que já é escassa, dizem os analistas da XTB Portugal.
O Brasil, o maior exportador de grãos de café arábica de qualidade superior, “está a debater-se com preocupações sobre a sua próxima colheita de 2025-26 devido à volatilidade meteorológica. Os produtores de café também estão a acalmar as vendas depois de já terem movimentado volumes significativos da actual colheita, o que conduzirá a uma oferta reduzida até à próxima colheita em Maio”, acrescentam aqueles analistas.
Por outro lado, realçam, o Vietname, o principal produtor de robusta, enfrenta dois problemas: por um lado a seca durante os períodos críticos de crescimento e por outro as fortes chuvas durante colheita, com impacto na qualidade e quantidade da produção.
“Os vendedores e torrefactores aumentaram os preços e reduziram os descontos para gerir as margens. A Nestlé anunciou aumentos de preços e embalagens mais pequenas, uma vez que os preços do robusta subiram quase 90% este ano. Entretanto, os custos de cobertura e os potenciais incumprimentos dos produtores estão a aumentar a pressão sobre os participantes no mercado. As apostas especulativas em alta continuam a ser historicamente elevadas, reflectindo a confiança dos gestores de fundos na continuação do aumento dos preços, apesar da volatilidade a curto prazo”, salienta a XTB.
E a iminente regulamentação da União Europeia (UE) em matéria de desflorestação e os potenciais direitos aduaneiros sobre o comércio na nova administração Donald Trump “estão a contribuir para a incerteza, levando a uma antecipação das vendas com destino aos EUA. Os produtores secundários, como a Colômbia e a Costa Rica, ainda estão a recuperar de condições meteorológicas adversas, o que dificulta ainda mais a oferta mundial”.
De um modo geral, os analistas da XTB dizem “verificar que os gestores de fundos (especuladores) estão muito mais optimistas em relação à valorização do café do que os participantes directos no mercado (produtores). A subida dos preços do café deverá sobrecarregar os consumidores com custos mais elevados, enquanto os cafés e torrefactores enfrentam o desafio de equilibrar a acessibilidade dos preços com a preservação das margens. As condições do clima e das colheitas irão ditar o futuro dos preços no mercado do café”.
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