A Alltech Crop Science organizou, no dia 6 de Setembro, o colóquio ‘Solos supressivos: sucessos da biotecnologia aplicada à agricultura’ na AgroGlobal, em Santarém, Portugal, a maior feira profissional agrícola a céu aberto da Península Ibérica.
Investigadores, agricultores e representantes da moderna distribuição alimentar “foram unânimes ao afirmar que os solos supressivos são a base sustentável da produção agrícola e reconheceram que a biotecnologia é uma ferramenta de futuro para equilibrar segurança alimentar e respeito pelo meio ambiente”, refere uma nota de imprensa da empresa.
“O momento da biotecnologia é agora, esta ferramenta chegou para ficar”, afirmou Agustin Murillo, director comercial da Alltech Crop Science Iberia, centrando a sua apresentação no “microbioma do solo, um elemento-chave para a sustentabilidade da agricultura” e na estratégia da companhia para ajudar os agricultores a criar solos supressivos, ou seja, solos saudáveis nos quais as plantas coabitam com pragas, doenças e infestantes sem, no entanto, baixar o seu rendimento.
Fermentação de precisão
Agustin Murillo recordou os mais de 40 anos de experiência da Alltech em investigação e desenvolvimento de fermentação microbiana e disse que é chegada a hora de dar um passo em frente: a fermentação de precisão.
O conceito de fermentação de precisão refere-se ao cultivo e uso de microrganismos promotores do crescimento das plantas através de um processo de fermentação controlada, que permite extrair compostos orgânicos de alto valor para as plantas, como proteínas, enzimas ou metabolismos secundários.
Carlos García Izquierdo, investigador do Conselho Superior de Investigação Científica (CSIC) do Centro de Edafologia e Biologia Aplicada de Segura (CEBAS), em Espanha, sublinhou: “temos de compreender muito bem como funciona o mundo microbiano para poder actuar na saúde dos nossos solos”, e defendeu que “Portugal e Espanha devem investir mais em investigação científica aplicada à agricultura, porque é no agro que os nossos países podem ser líderes”.
Já Pedro Palazon, CEO e director técnico da Ideagro, empresa de investigação aplicada ao sector agroalimentar, mergulhou mais fundo no tema da saúde do solo, centrando a sua apresentação nas enzimas do solo como factor-chave para uma produção agrícola sustentável. “Nós na Ideagro, nas análises de solo que realizamos, trabalhamos com várias enzimas – fosfatase, urease, Beta-glucosidase, desidrogenase — porque a actividade enzimática do solo permite ver a actividade microbiológica global do solo”, disse Palazon, advogando que as análises de solo devem integrar parâmetros químicos, físicos e microbiológicos.
Novo modelo de produção agrícola
“O Pacto Ecológico Europeu convoca-nos a reduzir o uso de pesticidas e de adubos de síntese química, mas precisamos de manter e de melhorar a rentabilidade das nossas explorações agrícolas, por isso estamos no timing certo para construir um novo modelo de produção agrícola cuja base é um solo vivo e saudável, ou seja, supressivo”, apelou Rui Amante, responsável da Alltech Crop Science em Portugal.
Rui Amante partilhou resultados obtidos em diversas culturas e regiões em Portugal com a utilização de produtos à base de microrganismos vivos e de metabolitos, e explicou que a Alltech Crop Science trabalha com estirpes isoladas em solos mediterrânicos e produz soluções com elevadas concentrações de microrganismos vivos para nutrição e protecção das culturas e para a saúde dos solos.
A mesa-redonda do colóquio foi uma oportunidade para ouvir os especialistas da produção, do retalho alimentar e da investigação sobre o tema ‘Solos Supressivos, a base da sustentabilidade da produção agrícola’.
Agricultura regenerativa e pegada de carbono
“Diminuir as emissões de carbono no campo é um desafio urgente e ambicioso e exige conhecimento, muita Ciência, formação e muita interacção entre todos os elos da cadeia de valor agroalimentar”, reconheceu Rui Matias, especialista da categoria de frutas no Clube de Produtores Continente. “Este tipo de eventos é extremamente importante para o futuro das práticas regenerativas, da sustentabilidade da agricultura, porque permitem partilhar conhecimento das várias entidades”, acrescentou, revelando que o Clube de Produtores Continente está a trabalhar na criação de um referencial de certificação sobre agricultura regenerativa, com um exigente caderno de especificações, tendo como pilar a saúde do solo.
Algumas empresas agrícolas já iniciaram o caminho da agricultura regenerativa e há casos de sucesso da biotecnologia aplicada à agricultura. “Na Camposol a nossa experiência tem sido muito positiva, tanto ao nível de poupança de água, como na forma como conseguimos reduzir ciclos de produção, o que reduz os consumos de água, que é nosso grande foco e preocupação. A experiência com as soluções e a equipa técnica da Alltech Crop Science tem sido muito positiva”, garantiu Rui Adão, CEO da Campo Sol, empresa que detém 1.250 hectares de área agrícola para produção de culturas hortícolas no sudoeste alentejano.
“Temos de nos unir para assegurar um melhor futuro para as próximas gerações e garantir que o solo tem vida e está saudável. Saio desde evento muito otimista, este tipo de partilha de informação é muito importante para o setor”, acrescentou Rui Adão.
Já na Cooperativa Agrícola de Beja e Brinches, onde o olival moderno é a cultura predominante, os sócios têm vindo a adoptar práticas regenerativas com bons resultados. “Nos nossos olivais fazemos o mínimo de mobilizações de solo necessárias à boa condução da cultura, e nos últimos anos temos vindo a melhorar a qualidade do solo com a aplicação de microrganismos promotores de crescimento das plantas, das gamas Alltech Crop Science, para aumentar as nossas produções e manter o solo produtivo o máximo de anos, no sentido de o transmitir às gerações futuras em bom estado”, disse Fernando do Rosário, presidente da Cooperativa Agrícola de Beja e Brinches.
Cristina Cruz, professora do Departamento de Biologia Vegetal da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, definiu os solos supressivos como: “solos equilibrados, com uma parte viva muito dinâmica que contribui para as várias funcionalidades do solo e isso é muito relevante porque presta serviços ao ecossistema – água limpa, ar de qualidade, decomposição e degradação da matéria orgânica”.
A investigadora reconheceu que a agricultura, através de práticas regenerativas, é uma das formas que temos para proporcionar equilíbrio e vida aos solos. “Isso está na mão dos agricultores, mas todos nós podemos contribuir através dos produtos que consumimos, e com a noção de que o agricultor tem de ser compensado pelos serviços de ecossistema que presta à sociedade”, exortou, garantindo que a Academia está preparada para contribuir para “uma Ciência que não se faça para, mas com os vários atores, em que todos trazem conhecimento e participam na co-produção de um solo supressivo e uma agricultura mais sustentável”.
A Alltech Crop Science considera que a agricultura tem o maior potencial para impactar positivamente o futuro do nosso planeta e convoca todos os que partilham da sua visão Trabalhando Juntos por um Planeta de Abundância a contribuir para este propósito global.
Agricultura e Mar