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Cria de abutre-preto após a sua anilhagem no ninho artificial, na Herdade da Contenda.

Dia Internacional dos Abutres sensibiliza sobre importância da espécies e alerta para risco de extinção

O Dia Internacional dos Abutres celebra-se anualmente no primeiro sábado de Setembro. Nesta efeméride, por todo o Mundo, comemora-se a importância da conservação destas aves, vitais para os ecossistemas, e alerta-se a sociedade para as sérias ameaças que as mesmas enfrentam. Um evento a que se associa a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, com actividades e divulgação de resultados na conservação de espécies em perigo.

O Dia Internacional dos Abutres surgiu no âmbito da iniciativa “Vulture Awareness Days”, promovida pelo Birds of Prey Programme of the Endangered Wildlife Trust, na África do Sul, e pela Hawk Conservancy Trust, em Inglaterra, que decidiram trabalhar em conjunto para tornar esta acção num evento internacional e com abrangência global.

Actualmente, o Dia Internacional dos Abutres tem como objectivo sensibilizar a comunidade internacional para a conservação dos abutres e para a sua importância ecológica e destacar o trabalho fundamental desenvolvido por conservacionistas em todo o mundo em prol da preservação destas espécies, explica uma nota de imprensa da Quercus.

E adianta que “as aves necrófagas são aquelas que têm a sua alimentação baseada em cadáveres de animais. Estas espécies cumprem uma função essencial e contribuem para o equilíbrio dos vários ecossistemas, visto que, ao consumirem animais mortos, eliminam, de forma rápida e eficaz, as carcaças desses animais no campo, evitando, assim, a propagação de doenças contagiosas e assegurando o bom funcionamento da rede trófica na Natureza”.

A Quercus celebra este dia participando neste evento mundial com uma actividade de sensibilização ambiental no PNTI – Parque Natural do Tejo Internacional, em Castelo Branco, e fazendo o balanço da época de reprodução de 2023 de várias espécies de abutres ameaçadas deste Parque Natural.

Abutres enfrentam várias ameaças

Dados da Quercus provenientes de vários projectos de conservação e dos CRAS (Centros de Recuperação de Fauna) recolhidos entre 1999 e 2022 , permitem concluir que em 204 registos de mortalidade não natural das três espécies de abutres presentes em Portugal (Grifo, Abutre-preto e Abutre do Egipto) as principais ameaças às aves necrófagas foram os envenenamentos (45%) seguida das electrocussões em postes eléctricos de média tensão (20%) e a falta de alimento (12%), entre outras como o tiro e colisões com aerogeradores.

Nos últimos anos tem ocorrido um aumento de intoxicações provocadas por chumbo. As amostras de sangue e penas recolhidas foram analisadas pelo departamento de Toxicologia da Universidade de Murcia para metais pesados (mercúrio, chumbo, cadmio, arsénico, zinco e cobre) e resíduos de medicamentos veterinários (antibióticos e anti-inflamatórios não esteróides). Os resultados gerais apresentaram valores baixos com excepção do chumbo, antibióticos e anti-inflamatórios. Para o chumbo foram encontrados valores médios de 46.1 (μg/dL) de chumbo no sangue e 1045,14 (ng/g) nas penas.

“Os resultados das análises aos níveis de chumbo nas penas reafirmam a necessidade de continuar com a monitorização analítica destas aves necrófagas em próximas campanhas dado os valores detectados”, realça a mesma nota.

A Quercus tem vindo a trabalhar activamente para minimizar estas ameaças através do trabalho dos seus CRAS e de vários projectos de conservação da biodiversidade como o Projecto Linhas eléctricas e Aves, o Programa Antídoto, o SAANTI – Sistema de Alimentação de Aves Necrófagas do Tejo Internacional assim como no Programa de Monitorização de Avifauna em parceria com o ICNF e o projecto LIFE Aegypius RETURN. Estes trabalhos de monitorização enquadram-se no âmbito do Projecto “Investigação e monitorização de avifauna no PNTI”, ao abrigo do protocolo de colaboração assinado entre o ICNF, a Quercus e o Fundo Ambiental.

População de abutre-preto em Portugal aumenta e extingue-se o Milhafre-real

O abutre-preto (Aegypius monachus) é uma ave necrófaga ameaçada, classificada no nosso país como Criticamente em Perigo. Deixou de nidificar em Portugal no início da década de 1970. Só em 2010 esta espécie regressou como reprodutora ao nosso país no Tejo Internacional , nesse ano com 2 casais, no Douro Internacional e, desde 2015 também no Alentejo.

O PNTI alberga a maior colónia nidificante de abutre-preto em Portugal, a segunda maior população nacional de abutre do Egipto e de grifo e diversas espécies de avifauna criticamente ameaçadas e de elevado valor biológico.

Este ano nidificaram 36 Casais de Abutre-preto no Tejo Internacional o que representa uma tendência de recuperação da espécie em Portugal, e que representa já mais de 70% da população nacional da espécie. Destes, três casais reproduziram-se em terrenos propriedade da Quercus, no Parque Natural do Tejo Internacional, um deles numa plataforma ninho artificial e os outros dois em ninho natural. Nesta época de reprodução voaram 16 crias de Abutre-preto no PNTI. As crias foram marcadas, foi monitorizado o seu estado sanitário e recolhidas amostras para dar continuidade aos estudos de toxicologia.

O Abutre do Egipto mantém os 18 casais nidificantes , a segunda maior população do país e o Grifo (Gyps fulvus) com 429 casais.

O Milhafre Real extingue-se da zona como reprodutor. A utilização de venenos, a mortalidade por electrocussão e o abate a tiro foram as principais causas da extinção desta espécie no Tejo Internacional.

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